segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Dia Mundial das Missões 2018


“Juntamente com os jovens, levemos o Evangelho a todos!”
Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Missões/2018

Queridos jovens, com vocês desejo refletir sobre a missão que Jesus nos confiou. Apesar de me dirigir a vocês, pretendo incluir todos os cristãos, que vivem na Igreja a aventura da sua existência como filhos de Deus. O que me impele a falar a todos, dialogando com vocês, é a certeza de que a fé cristã permanece sempre jovem, quando se abre à missão que Cristo nos confia. “A missão revigora a fé’, escrevia São João Paulo II. O Sínodo que celebraremos em Roma no próximo mês de outubro, dá-nos oportunidade de entender melhor aquilo que o Senhor Jesus vos quer dizer a vocês, jovens, e, através de vocês, às comunidades cristãs.
A vida é uma missão!
Todo o homem e mulher é uma missão, e esta é a razão pela qual se encontra a viver na terra. Ser atraídos e ser enviados são os dois movimentos que o nosso coração, sobretudo quando é jovem em idade, sente como forças interiores do amor que prometem futuro e impelem a nossa existência para a frente. Ninguém, como os jovens, sente quanto irrompe a vida e atrai. Viver com alegria a própria responsabilidade pelo mundo é um grande desafio. Conheço bem as luzes e as sombras de ser jovem e, se penso na minha juventude e na minha família, recordo a intensidade da esperança por um futuro melhor. O fato de nos encontrarmos neste mundo sem ser por nossa decisão faz-nos intuir que há uma iniciativa que nos antecede e faz existir. Cada um de nós é chamado a refletir sobre esta realidade: “Eu sou uma missão nesta terra, e para isso estou neste mundo”.
Anunciamos-lhes Jesus Cristo!
Ao anunciar aquilo que gratuitamente recebeu (cf. Mt 10, 8; At 3, 6), a Igreja pode partilhar com vocês, queridos jovens, o caminho e a verdade que conduzem ao sentido do viver nesta terra. Jesus Cristo, morto e ressuscitado por nós, oferece-Se à nossa liberdade e desafia-a a procurar, descobrir e anunciar este sentido verdadeiro e pleno. Queridos jovens, não tenham medo de Cristo e da sua Igreja! Nela está o tesouro que enche a vida de alegria.
Digo-lhes isto por experiência: graças à fé, encontrei o fundamento dos meus sonhos e a força para os realizar. Vi muitos sofrimentos, muita pobreza desfigurar o rosto de tantos irmãos e irmãs. E todavia, para quem está com Jesus, o mal é um desafio a amar cada vez mais. Muitos homens e mulheres, muitos jovens entregaram-se generosamente, às vezes até ao martírio, por amor do Evangelho ao serviço dos irmãos. A partir da cruz de Jesus, aprendemos a lógica divina da oferta de nós mesmos (cf. 1 Cor 1, 17-25) como anúncio do Evangelho para a vida do mundo (cf. Jo 3, 16). Ser inflamados pelo amor de Cristo consome quem arde e faz crescer, ilumina e aquece a quem se ama (cf. 2 Cor 5, 14). Na escola dos santos, que nos abrem para os vastos horizontes de Deus, convido-lhes a perguntar a vocês mesmos em cada circunstância: “Que faria Cristo no meu lugar?”
Transmitir a fé até aos últimos confins da terra
Pelo Batismo, também vocês, jovens, são membros vivos da Igreja e, juntos, temos a missão de levar o Evangelho a todos. Vocês estão desabrochar para a vida. Crescer na graça da fé, que nos foi transmitida pelos sacramentos da Igreja, integra-nos num fluxo de gerações de testemunhas, onde a sabedoria daqueles que têm experiência se torna testemunho e encorajamento para quem se abre ao futuro. E, por sua vez, a novidade dos jovens torna-se apoio e esperança para aqueles que estão próximos da meta do seu caminho. Na convivência das várias idades, a missão da Igreja constrói pontes intergeracionais, nas quais a fé em Deus e o amor ao próximo constituem fatores de profunda união.
Por isso, a transmissão da fé, coração da missão da Igreja, verifica-se através do «contágio» do amor, onde a alegria e o entusiasmo expressam o sentido reencontrado e a plenitude da vida. A propagação da fé por atração requer corações abertos, dilatados pelo amor. Ao amor, não se pode colocar limites: forte como a morte é o amor (cf. Ct 8, 6). E tal expansão gera o encontro, o testemunho, o anúncio; gera a partilha na caridade com todos aqueles que, longe da fé, se mostram indiferentes e, às vezes, impugnadores e contrários à mesma.
Ambientes humanos, culturais e religiosos ainda alheios ao Evangelho de Jesus e à presença sacramental da Igreja são as periferias extremas, os «últimos confins da terra», aos quais, desde a Páscoa de Jesus, são enviados os seus discípulos missionários, na certeza de terem sempre com eles o seu Senhor (cf. Mt 28, 20; At 1, 8). Nisto consiste o que designamos por missão ad gentes. A periferia mais desolada da humanidade carente de Cristo é a indiferença à fé ou mesmo o ódio contra a plenitude divina da vida. Toda a pobreza material e espiritual, toda a discriminação de irmãos e irmãs é sempre consequência da recusa de Deus e do seu amor.
Para vocês hoje, queridos jovens, os últimos confins da terra são muito relativos e sempre facilmente navegáveis. O mundo digital, as redes sociais, que nos envolvem e entrecruzam, diluem fronteiras, cancelam margens e distâncias, reduzem as diferenças. Tudo parece estar ao alcance da mão: tudo tão próximo e imediato... E todavia, sem o dom que inclua as nossas vidas, poderemos ter milhões de contatos, mas nunca estaremos imersos numa verdadeira comunhão de vida. A missão até aos últimos confins da terra requer o dom de nós próprios na vocação que nos foi dada por Aquele que nos colocou nesta terra (cf. Lc 9, 23-25). Atrevo-me a dizer que, para um jovem que quer seguir Cristo, o essencial é a busca e a adesão à sua vocação.
Testemunhar o amor
Agradeço a todas as realidades eclesiais que vos permitem encontrar, pessoalmente, Cristo vivo na sua Igreja: as paróquias, as associações, os movimentos, as comunidades religiosas, as mais variadas expressões de serviço missionário. Muitos jovens encontram, no voluntariado missionário, uma forma para servir os «mais pequenos» (cf. Mt 25, 40), promovendo a dignidade humana e testemunhando a alegria de amar e ser cristão. Estas experiências fazem com que a formação de cada um não seja apenas preparação para o seu bom-êxito profissional, mas desenvolva e cuide um dom do Senhor para melhor servir aos outros. Estas louváveis formas de serviço missionário temporâneo são um começo fecundo e, no discernimento vocacional, podem ajudar-vos a decidir pelo dom total de vós mesmos como missionários.
De corações jovens, nasceram as Pontifícias Obras Missionárias (POM), para apoiar o anúncio do Evangelho a todos os povos, contribuindo para o crescimento humano e cultural de muitas populações sedentas de Verdade. As orações e as ajudas materiais, que generosamente são dadas e distribuídas através das POM, ajudam a Santa Sé a garantir que, quantos recebem ajuda para as suas necessidades, possam, por sua vez, ser capazes de dar testemunho no próprio ambiente. Ninguém é tão pobre que não possa dar o que tem e, ainda antes, o que é. Apraz-me repetir a exortação que dirigi aos jovens chilenos: “Nunca pensem que vocês não tem nada para dar, ou que não precisam de ninguém. Muita gente precisa de vocês. Pensem nisso! Cada um de vocês pense nisto no seu coração: muita gente precisa de mim!” 
Queridos jovens, o mês de outubro, em que terá lugar o Sínodo a vocês dedicado, será mais uma oportunidade para que vocês se tornem discípulos missionários cada vez mais apaixonados por Jesus e pela sua missão até aos últimos confins da terra. A Maria, Rainha dos Apóstolos, ao Santos Francisco Xavier e Teresa do Menino Jesus, ao Beato Paulo Manna, peço que intercedam por todos nós e sempre nos acompanhem.
Vaticano, 20 de maio – Solenidade de Pentecostes – de 2018.

FRANCISCO

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