“A esperança dos pobres jamais será frustrada!”
O compromisso cristão com os pobres
A
opção pelos últimos, por aqueles que a sociedade descarta e lança fora, é uma
escolha prioritária que os discípulos de Cristo são chamados a abraçar para não
trair a credibilidade da Igreja e dar uma esperança concreta a tantos indefesos. É
neles que a caridade cristã encontra a sua prova real, porque quem partilha os
seus sofrimentos com o amor de Cristo recebe força e dá vigor ao anúncio do
Evangelho.
O compromisso dos cristãos, por ocasião
deste Dia Mundial e sobretudo na vida ordinária de cada dia,
não consiste apenas em iniciativas de assistência que, embora louváveis e
necessárias, devem tender a aumentar em cada um aquela atenção plena, que é
devida a toda a pessoa que se encontra em dificuldade. Esta atenção amiga é o início duma verdadeira preocupação pelos pobres,
buscando o seu verdadeiro bem. Não é fácil ser testemunha da esperança
cristã no contexto cultural do consumismo e do descarte, sempre propenso a
aumentar um bem-estar superficial e efémero. Requer-se uma mudança de
mentalidade para redescobrir o essencial, para encarnar e tornar incisivo o
anúncio do Reino de Deus.
A
esperança comunica-se também através da consolação que se implementa
acompanhando os pobres, não por alguns dias permeados de entusiasmo, mas com um
compromisso que perdura no tempo. Os pobres adquirem
verdadeira esperança, não quando nos veem gratificados por lhes termos
concedido um pouco do nosso tempo, mas quando reconhecem no nosso sacrifício um
ato de amor gratuito que não procura recompensa.
Que nossa dedicação cresça sempre mais!
A tantos voluntários, a quem muitas vezes
é devido o mérito de ter sido os primeiros a intuir a importância desta atenção
aos pobres, peço para crescerem na sua dedicação.
Queridos irmãos e irmãs, exorto-vos a procurar, em cada pobre que
encontrais, aquilo de que ele tem verdadeiramente necessidade; a não vos
deter na primeira necessidade material, mas a descobrir a bondade que se
esconde no seu coração, tornando-vos atentos à sua cultura e modos de se
exprimir, para poderdes iniciar um verdadeiro diálogo fraterno.
Deixemos
de lado as divisões que provêm de visões ideológicas ou políticas e fixemos o
olhar no essencial que não precisa de muitas palavras, mas
dum olhar de amor e duma mão estendida. Nunca vos esqueçais que a pior
discriminação que sofrem os pobres é a falta de cuidado espiritual.
Antes de tudo, os pobres precisam de Deus, do seu amor tornado visível por pessoas
santas que vivem ao lado deles e que, na simplicidade da sua vida, exprimem e
fazem emergir a força do amor cristão. Deus serve-se de tantos caminhos e
de infinitos instrumentos para alcançar o coração das pessoas.
É
certo que os pobres também se aproximam de nós porque estamos a distribuir-lhes
o alimento, mas aquilo de que verdadeiramente precisam ultrapassa a sopa quente
ou a sanduíche que oferecemos. Os pobres
precisam das nossas mãos para se reerguer, dos nossos corações para sentir de
novo o calor do afeto, da nossa presença para superar a solidão. Precisam
simplesmente de amor.
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