quarta-feira, 21 de abril de 2021

ANO B | TEMPO PASCAL | QUARTO DOMINGO | 25.04.2021

As diversas vocações expressam e realizam o amor do bom pastor.

A Igreja católica dedica o quarto domingo da páscoa à reflexão e oração pelas vocações. Nesta perspectiva é que recordamos que Jesus, crucificado e ressuscitado, é o pastor bom e exemplar, aquele que oferece livremente sua vida pelo rebanho que ama. É um pastor que não se preocupa com a própria carreira, mas com a vida das pessoas que sofrem, e até com o destino daquelas que não fazem parte do seu rebanho. O que é comum das pessoas chamadas a seguir Jesus e a continuar sua missão, em qualquer vocação, é a compaixão.

Uma das mais belas imagens que o povo de Israel usou para falar de Deus e da sua relação conosco é a do pastor. Essa imagem ressalta vários aspectos da relação entre Deus o seu povo: a) Deus é como um pastor porque apascenta e guia seu o povo; b) Ele providencia o que é necessário para a vida do seu povo-rebanho; c) Ele também defende as ovelhas fracas e procura pessoalmente as ovelhas perdidas; d) Finalmente, Deus trata seu povo-rebanho com ternura e amizade, gratuidade e paciência, e com ele faz aliança especial.

Ao lado da imagem de Jesus como Mestre, os evangelhos nos apresentam claramente Jesus como o Bom Pastor vislumbrado antecipadamente pelo povo de Israel. Sua vida é uma cotidiana realização do amor pastoral: ele tem compaixão pelas multidões, porque estão cansadas e abatidas, como ovelhas sem pastor (Mt 9,35-36); ele procura as ovelhas dispersas e em situação de risco, como as mulheres, os doentes e pecadores marginalizados (Mt 18,12-14); ele festeja o reencontro, e diz que é maior sua alegria por uma só pessoa marginalizada que é resgatada que por noventa e nove pessoas que se consideram justas e perfeitas (Lc 15,3-7).

No evangelho de hoje, apresentando-nos Jesus como bom pastor, João tem diante dos olhos sua vida e suas ações concretas. Jesus é bom e excelente como o vinho abundante servido nas bodas de Caná. Ele é bom e porque não é mercenário: não foge nem esmorece diante das perseguições, mas arrisca sua vida para que os mais fracos tenham plenas condições de vida. Mas ele é o Pastor bom e excelente também porque estabelece um relacionamento próximo, compassivo e personalizado com seu povo, bem diferente de um herói ou benfeitor distante, incapaz de se misturar com as pessoas comuns.

Jesus é o Bom Pastor porque conhece cada pessoa pelo nome, por mais simples que seja. Ele ouve seus clamores e conhece seus sofrimentos, desce para defendê-las e fazê-las subir (cf. Ex 3,7-10). Ele não veio nem vive para fundar uma instituição, mas para reunir as pessoas dispersas. É o pastor bom e exemplar porque não se orienta por fanatismos exclusivistas, não se detém nas cercas ou muros religiosos, nacionais, étnicos ou de classe. “Tenho também outras ovelhas que não são deste curral. Também a elas devo conduzir. Elas ouvirão a minha voz e haver um só rebanho e um só pastor”, declara ele no evangelho de hoje.

Pedro e João demonstram que aprenderam do Mestre o que significa ser um pastor bom. Eles não dão as costas ao paralítico que depende de esmolas: voltam a ele o olhar e o convidam a caminhar com as próprias forças. Não se trata do poder de fazer milagres, mas da coragem de enfrentar a inércia do templo, que não faz mais que manter e reforçar a dependência e a inferioridade das pessoas. Por esta ousadia, os apóstolos acabam sendo presos, mas, assim que são libertados, continuam afirmando que é em nome de Jesus de Nazaré, daquele que as autoridades condenaram à morte, que o paralítico foi curado.

Em Jesus e nos seus discípulos temos o paradigma de todas as vocações. E, neste ano, o Papa Francisco nos propõe também São José como personagem-chave para entender a vocação: sonhar horizontes novos, sair de si para servir e cuidar dos outros, ser fielmente criativo na busca de saídas. Neste horizonte, ele é também o guardião das vocações, como foi o guardião da vocação de Maria e de Jesus. Precisamos sim pedir ao dono do campo que chame mais gente para seu trabalho, mas não esqueçamos de pedir também que eles sejam pastores e pastoras inspirados no Bom Pastor. Para que servem vocações que conhecem apenas dogmas e leis e ignoram as necessidades concretas do rebanho?

Jesus Amigo, bom e belo Pastor. Tu nos conheces, nos amas e nos chamas pelo nome para que sejamos parecidos/as contigo, filhos do teu coração, amigos/as dos teus amigos/as, continuadores/as da tua missão. Com a vida e com a Palavra, nos ensinas que onde há amor sem fronteiras também há vida sem limites. De ti aprendemos que, para viver plenamente, precisamos fazer-nos dom e identificar-nos com teu e nosso Pai. Faz de nossas famílias e comunidades eclesiais verdadeiras sementeiras de gente capaz de amar e servir como tu amas e serves, tratando os últimos da sociedade como primeiros do Reino. Assim seja! Amém!

Itacir Brassiani msf

Atos dos Apóstolos 4,8-12| Salmo 117 (118) | 1ª Carta de João 3,1-2 |  Evangelho  de São João 10,11-18

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