sábado, 28 de janeiro de 2023

O Evangelho dominical (Pagola) - 29.01.2023

A PRIMEIRA PALAVRA DE JESUS

Quem se aproxime uma e outra vez das bem-aventuranças de Jesus, verifica que o seu conteúdo é inesgotável. Sempre têm ressonâncias novas. Sempre encontramos nelas uma luz diferente para o momento que estamos a viver. Assim ressoam hoje em mim as palavras de Jesus.

Felizes os pobres de espírito, os que sabem viver com pouco. Terão menos problemas, estarão mais atentos aos necessitados e viverão com mais liberdade. No dia em que o entendermos, seremos mais humanos.

Felizes os mansos, aqueles que esvaziam o seu coração de violência e agressividade. São um presente para o nosso mundo violento. Quando todos o fizermos, poderemos viver em verdadeira paz.

Felizes os que choram ao ver os outros sofrer. São gente boa. Com eles pode-se construir um mundo mais fraterno e solidário. Felizes os que têm fome e sede de justiça, os que não perderam o desejo de ser mais justos nem a vontade de fazer uma sociedade mais digna. Neles se encoraja o melhor do espírito humano.

Felizes os misericordiosos, os que sabem perdoar no fundo do seu coração. Só Deus conhece a sua luta interior e a sua grandeza. Eles são os que melhor nos podem aproximar da reconciliação. Felizes os que mantêm os seus corações limpos de ódio, enganos e interesses ambíguos. Pode-se confiar neles de confiança para construir o futuro.

Felizes os que trabalham pela paz com paciência e com fé. Sem se desencorajar perante os obstáculos e dificuldades, e procurando sempre o bem de todos. Precisamos deles para reconstruir a convivência.

Felizes os que são perseguidos por atuar com justiça e respondem com mansidão aos insultos e ofensas. Ajudam-nos a superar o mal com o bem. Felizes os que são insultados, perseguidos e caluniados por seguirem fielmente o caminho de Jesus. O seu sofrimento não se perderá inutilmente.

Distorceríamos, no entanto, o sentido das bem-aventuranças se não acrescentássemos algo que é sublinhado em cada uma delas. Com belas expressões, Jesus coloca ante os seus olhos Deus como o garante último da felicidade humana. Aqueles que viverem inspirados neste programa de vida, um dia serão consolados, ficarão saciados de justiça, alcançarão misericórdia, verão Deus, e desfrutarão eternamente no seu reino.

José Antonio Pagola

Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez

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