sábado, 6 de julho de 2024

Deus faz grandes coisas mediante pessoas frágeis

Deus faz grandes coisas mediante pessoas frágeis e em lugares insignificantes | 403 | 07.07.24 | Marcos 6,1-6

Apesar dos títulos de poder que a história associou a ele, Jesus de Nazaré partilhou as condições de vida das pessoas desprezadas e marginalizadas. Ele não fez coro com as elites soberbas e satisfeitas, nem foi indiferente ao destino das pessoas humilhadas e discriminadas. Jesus nasceu numa estrebaria, habitou numa cidade insignificante, foi trabalhador braçal, aproximou-se dos grupos sociais considerados suspeitos e se aliou a eles, foi preso e executado entre outros condenados pela lei e pela religião, fora dos muros de Jerusalém. Em sua cidade, Jesus era conhecido como um carpinteiro, e seus familiares eram pessoas muito humildes.

O trecho do evangelho de hoje mostra a admiração e a inquietação dos conterrâneos de Jesus sobre sua origem e seu carisma. Como o conheciam desde pequeno, perguntavam-se: “Onde foi que ele arranjou tanta sabedoria? Esse homem não é o carpinteiro, o filho de Maria?” Para eles, do ponto de vista da origem, Jesus não poderia ser o que dava a impressão de ser. Para seus conterrâneos, sua sabedoria e sua liberdade de ação não poderiam vir de pessoas comuns e humildes como eles. Por mais seus ensinamento e ações impressionassem, sua pertença a um povoado e uma família marginal era como uma pedra de escândalo para seus contemporâneos.

Jesus fica impressionado com esta visão estreita, sinal mais que evidente da influência que a ideologia das elites exerce sobre os humildes habitantes da sua aldeia. Por trás dessa visão está a ideia da inferioridade e impotência dos pobres, da sua radical e eterna dependência de “benfeitores” poderosos. Como tantos outros, aquele povo simples havia interiorizado e assimilado sua própria insignificância. E parece que esse escândalo atinge os próprios familiares e parentes de Jesus.

Por isso, Jesus repete um provérbio popular da sua região: “Um profeta só não é estimado na sua pátria, entre seus parentes e familiares...” Aqueles que conheciam sua origem humilde e suas mãos calejadas pelo trabalho na carpintaria de José não conseguiam reconhecer em Jesus os traços do Profeta ou do Messias esperado. Mas, para Jesus, o escândalo dos habitantes de Nazaré não apenas denuncia a influência da ideologia dominante, mas significa falta de fé, daquela abertura essencial que permite reconhecer a presença de Deus nas pessoas simples.

                                                                           

Meditação:

·        Releia o texto com atenção, imaginando-se presente em Nazaré, interagindo com os familiares e conterrâneos de Jesus

·        Em que medida também nós resistimos em admitir que pessoas simples, em lugares remotos podem fazer grandes coisas?

·        Como nós e nossas comunidades vivemos nossa origem, frequentemente humilde e de pouca relevância social?

·        Deixe-se seduzir por Jesus Cristo, o Deus na carpintaria e na cruz, assumindo uma vida simples e priorizando os meios frágeis

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