sábado, 27 de julho de 2024

O pouco partilhado é muito, e o muito sem partilha é nada!

O pouco partilhado é muito, e o muito sem partilha é nada! | 424 | 28.07.24 | João 6,1-15

No capítulo 6 do seu evangelho, João nos apresenta o primeiro encontro de Jesus com a multidão. O episódio está cronologicamente situado próximo à festa da páscoa judaica, e, na ocasião, Jesus realiza dois sinais muito importantes: a multiplicação dos pães, às margens do lago, diante de uma multidão e a serviço dela; a caminhada sobre as águas, um sinal mais discreto, na presença apenas dos discípulos.

Jesus está no apogeu da sua missão. A multidão acolhe seu ensinamento e acredita nele, graças aos sinais que realiza. Mas a sua fama e a crescente multidão que vai ao seu encontro acaba provocando uma forte crise: onde encontrar alimento para toda essa gente? Os discípulos já haviam discutido sobre isso, como o demonstra a resposta de Filipe. Eles haviam calculado que dar uma refeição, mesmo que frugal, ao povo teria um custo equivalente a 100 dias de trabalho!

Jesus convoca os discípulos a agir e cooperar com ele, mas Filipe não vislumbra solução fora do sistema dominante: comprar e vender. André visualiza um começo de solução: comunica a Jesus o que a comunidade reserva para si mesma. O menino (“criadinho”), símbolo do discípulo, entrega o pouco que tem, sem reservar nada para si. E Jesus faz pelo povo aquilo que se recusara a fazer para si mesmo.

Jesus toma os pães de cevada (alimento de baixa qualidade!) e os peixes e dá graças a Deus. Com isso, liberta estes bens da apropriação privada e exclusiva, e proclama que eles pertencem a Deus. É quando devolvemos o que temos a quem lhe pertence de verdade que brota a abundância na mesa de todos. Mas os bens só produzem vida abundante quando os discípulos servem.

A resposta da multidão a essa ação de Jesus é o reconhecimento de que ele é o Profeta que esperavam. Mas esse entusiasmo traz em si mesmo e esconde uma tentação: fazer de Jesus um rei, um chefe político, um protagonista que dispensa a cooperação dos demais. Este é o risco que ronda os líderes, tanto políticos como religiosos, quando fascinam o povo. Jesus se retira sozinho, em busca de integridade e serenidade de coração. Ele se afasta dos discípulos (também tentados pelo poder e pela passividade) e da multidão para se manter fiel à vontade do Pai: confiar às pessoas e solução dos problemas sociais concretos.

 

Meditação:

·    Leia atentamente, palavra por palavra, gesto por gesto este episódio ambientado no deserto, pouco antes da páscoa dos judeus

·    Você se percebe no meio da multidão faminta, que espera alimento, ou entre os discípulos que são chamados a colaborar com Jesus?

·    Qual é sua reação diante dos problemas que afligem o povo hoje: indiferença? Busca de culpados? Busca de soluções?

·    O que você está disposto a colocar hoje nas mãos de Jesus para que ele ajude a diminuir o sofrimento do seu povo?

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