sábado, 13 de julho de 2024

O Evangelho dominical (Pagola) - 14.07.2024

 SEM APOIO SOCIAL?

Como poderia a Igreja recuperar o seu prestígio social e exercer novamente a influência que tinha na sociedade há apenas alguns anos? Sem o confessar talvez, em voz alta, são muitos os que anseiam pela volta daqueles tempos em que a Igreja podia anunciar a sua mensagem a partir de plataformas privilegiadas que contavam com o apoio dos poderes político e econômico.

Não deveríamos lutar para recuperar novamente esse poder perdido que nos permite fazer uma propaganda religiosa e moral eficaz, capaz de superar outras ideologias e correntes de opinião que se vão impondo entre nós? Não deveríamos desenvolver estruturas religiosas mais poderosas, fortalecer as nossas organizações e tornar a Igreja uma espécie de empresa mais competitiva e lucrativa?

Sem dúvida, no fundo desta preocupação há uma vontade sincera de levar o Evangelho aos homens e mulheres do nosso tempo, mas será esse o caminho a seguir? As palavras de Jesus, ao enviar os seus discípulos sem pão nem sacola, sem dinheiro nem túnica extra, insistem antes em caminhar pobremente, com liberdade, leveza e total disponibilidade.

O importante não é um equipamento que nos dê segurança, mas a própria força do Evangelho vivido com sinceridade, pois o Evangelho penetra na sociedade não tanto através de meios eficazes de propaganda, mas através de testemunhas que vivem fielmente o seguimento de Jesus Cristo.

A organização e as estruturas são necessárias na Igreja, mas apenas para sustentar a vida evangélica dos crentes. Uma Igreja carregada de bagagem excessiva corre o risco de se tornar sedentária e conservadora. A longo prazo, estará mais preocupada em prover suas próprias necessidade do que caminhar livremente e generosamente ao serviço do reino de Deus.

Uma Igreja mais desprotegida, mais desprovida de privilégios e mais empobrecida em poder sociopolítico, será uma Igreja mais livre, capaz de oferecer o evangelho na sua verdade mais autêntica.

José Antônio Pagola

Tradução de Antônio Manuel Álvarez Perez

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