quinta-feira, 15 de agosto de 2024

As relações de igualdade são essenciais para a família cristã

As relações de igualdade são essenciais para a família cristã | 443 | 16.08.24 | Mateus 19,3-12

Há alguns dias estamos lendo e meditando as orientações de Jesus para a encarnação da novidade do Reino de Deus nas relações comunitárias e sociais. Hoje, a atenção se volta para as relações no interior da família, especialmente para as relações conjugais. A reflexão é oportunizada por mais uma pergunta provocadora vinda da boca dos fariseus, que se posicionam como adversários de Jesus.

O ensino de Jesus é, antes de tudo, uma contundente defesa da dignidade das mulheres, no contexto de uma cultura patriarcal, na qual o marido tem direito de vida e de morte sobre a mulher. A família nascida da cruz de Jesus e reconfigurada pelo Reino de Deus rejeita de forma inequívoca as relações patriarcais, que eram aceitas como normais e normativas no mundo cultural romano e judaico.

Para Jesus, o matrimônio deve ser entendido em outra perspectiva, sem o domínio da figura masculina. Os fariseus tinham dificuldades de entender e aceitar isso. Para eles, a mulher fazia parte das propriedades do homem, e a ele deveria ser submissa. Mas, para Jesus, as relações matrimoniais devem ser pautadas pela igualdade, pela reciprocidade, pela solidariedade e pela unidade. Este é o querer de Deus sobre o casal. Esta é a família tradicionalmente cristã!

No enfrentamento com Jesus e no ensino ao povo, os fariseus e doutores da lei fazem uma leitura interesseira e distorcida da Lei, e dizem que é ordem para todos aquilo que Moisés permitiu apenas como exceção. Mesmo fazendo essa concessão à dureza dos homens, Moisés pediu garantias à mulher divorciada, limitando o “direito ao despejo”. Jesus, por sua vez, propõe uma releitura da vida conjugal a partir da vontade original de Deus, sublinhando que homem e mulher se tornam uma unidade profunda, e nada deve desfazê-la.

Isso escandaliza os discípulos, contaminados também eles pela ideologia patriarcal. Jesus não se incomoda com o desconforto deles, e radicaliza ainda mais: além de tomarem como modelo as crianças, seus discípulos podem também se espelhar nos eunucos, outro grupo de pessoas desprezadas e marginalizadas pela excludente cultura patriarcal. Agindo e falando assim, Jesus só poderia escandalizar muita “gente de bem”, desde o tempo dele e até hoje.

 

Meditação:

·    Como você vive a vocação de ser uma só carne (comunhão, reciprocidade e solidariedade) na vida conjugal?

·    Em que medida vocês conseguem superar as relações ditadas pelo patriarcalismo e pelo individualismo?

·    Você tem conseguido superar uma compreensão machista e excludente da Palavra de Deus?

·    Como são tratadas as mulheres, as crianças e as pessoas homo afetivas na sua família e na sua Igreja?

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