quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Ser discípulo de Jesus implica em participar da sua missão

Ser discípulo de Jesus implica em participar da sua missão e do seu destino | 456 | 29.08.24 | Marcos 6,17-29

A presença de João Batista nos evangelhos evidencia seus vínculos com Jesus Cristo. Além de preparar os caminhos para a missão de Jesus, o profeta do deserto e do rio Jordão antecipa em si mesmo o desfecho da missão de Jesus. Suas posições claras contra os desvios éticos do seu tempo, e a coragem com que enfrenta os poderosos de plantão, valeram-lhe a perseguição, a prisão e a decapitação.

No texto de hoje, o protagonista é Herodes. Ele é judeu, mas, como de resto todas as elites sociais e políticas, cumpre a Lei da sua religião apenas quando lhe convém. Ele tem medo de Jesus, e pensava que ele é uma espécie de reencarnação de João Batista, a quem havia mandado matar. O delito de Herodes vai além do roubo da mulher do seu irmão e da conivência com a morte de João Batista. A presença dos grandes da Galileia na sua festa de aniversário revela a quem ele serve, e de quem depende.

Marcos nos apresenta uma caricatura sarcástica de Herodes e das elites que o apoiam. As festas que promoviam davam asas às paixões incontroláveis e aos seus caprichos assassinos. Entre eles, como em toda a realeza, o casamento tinha fortes conotações de aliança para adquirir sustentação política. O juramento ou promessa de Herodes à filha da sua concubina revela o modo escuso como as elites tomam suas decisões políticas: matam para salvar a própria honra.

Diante de Herodes e seus acólitos, João não se intimida, nem se cala, mas não é um homem apenas preocupado com o culto ou com a moralidade dos costumes. Uma leitura atenta dos evangelhos nos mostra um profeta engajado num movimento de mudança, no corte raso das instituições que encobrem ou sustentam injustiças e violências, e numa partilha radical. É nesse horizonte que ele enfrenta Herodes.

Marcos situa a narração do martírio de João Batista no capítulo 6 do seu evangelho, onde a discussão é sobre a identidade de Jesus. Com isso, o evangelista evidencia o destino de todo aquele que anuncia e testemunha uma nova ordem social e religiosa. E, além de uma antecipação do destino de Jesus, o destino de João Batista soa aos discípulos de todos os tempos e latitudes como um forte alerta.

 

Meditação:

·    Retome calmamente a cena, desde o seu início até seu desfecho, observando com atenção a trama que leva à execução do profeta

·    Perceba a força política, social e religiosa da atuação corajosa de João Batista, profeta da Judeia que estende sua missão à Galileia

·    Como você e sua comunidade cristã tem se posicionado diante de um governo belicista e contrário aos avanços sociais no Brasil?

·    Como podemos evitar polêmicas religiosas parciais e estéreis, mas sem abandonar a necessária dimensão política da fé?

·    Você tem medo dos conflitos provocados pela atuação profética dos cristãos em nome do Evangelho? Por que?

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