sábado, 10 de agosto de 2024

Quem é capaz de cuidar dos outros está no caminho da vida

Quem é capaz de cuidar dos outros está no caminho da vida eterna | 438 | 11.08.24 | João 6,41-51

A longa discussão que Jesus mantém com seus discípulos e com as autoridades do judaísmo não é uma simples catequese sobre sua presença real de Jesus nas espécies eucarísticas. O que está em questão é o modo de conhecer e de agradar a Deus: Cumprindo leis de forma mecânica? Obedecendo a um monte de princípios morais? Celebrando ritos à margem das estradas da vida? Fixando a atenção numa hipotética vida após a morte e desprezando os desafios da história?

Jesus se oferece como alimento que desce continuamente do céu e assume a carnalidade das dores e sonhos humanos. Ele não diz que é o pão que desceu do céu, mas o pão que desce permanentemente do céu. “Pois o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo” (Jo 6,33). Tanto o verbo “descer” como o verbo “dar” estão no tempo presente e referidos à missão libertadora de Jesus. “Descer” aponta para a diminuição, um aspecto central na vida de Jesus e de quem o segue.

O alimento que faz a diferença e que supera tanto o maná como a simples distribuição assistencialista de comida é a encarnação do Filho de Deus, sua humanidade compassiva. Jesus não discute sua origem divina ou humana, mas a sublinha nossa resistência em aceitar sua encarnação redentora. A fé em Jesus e na eucaristia não são uma espécie de “subida” a Deus, mas uma “descida” solidária ao encontro do ser humano. A comunhão com as dores e alegrias, tristezas e angústias dos homens e mulheres do nosso tempo é o único caminho que nos leva a Deus.

Jesus recorre aos profetas para enfatizar que é isso que precisamos aprender. Dizendo que todos serão discípulos de Deus, Jesus evita os estreitamentos ideológicos, étnicos ou eclesiásticos, e afirma a universalidade do caminho da vida. Quem cuida da vida dos outros está no caminho da vida eterna, e quem não aceita e não se engaja nessa missão não é discípulo de Deus, fecha-se à sua voz. A questão central é escutar a Palavra que Jesus nos diz mediante sua contínua descida.

Jesus também não quer opor a força de vida da sua “descida” à insuficiência do maná. O povo hebreu comeu do maná mas experimentou o malogro na realização do sonho, mas isso não ocorreu por causa da qualidade do maná, mas da sua atitude, da incapacidade de ouvir e obedecer a Deus. Aqui está a novidade de Jesus Cristo: somente quem ouve sua Palavra e crê nele, quem se faz seu discípulo e se alimenta da sua humanidade, chega à meta da travessia e alcança a terra desejada e prometida.

 

Meditação:

·        Perceba a força de cada expressão e de cada metáfora desta bela e densa catequese de Jesus

·        Em que medida, é Jesus e sua utopia que me alimentam, estimulam, guiam e sustentam?

·        Quando participo da celebração da eucaristia, sou consciente da profundidade do que acontece, que “comungar é tornar-se um perigo”?

 

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