terça-feira, 27 de maio de 2014

Fatos & Personagens: André, o louco de Cristo

André, o louco

A veneração de um santo é determinada sobretudo pelo ideal evangélico que através da sua figura é transmitido de geração em geração. Somente assim podemos compreender a extraordinária importância de André, o primeiro “louco de Cristo” da Igreja bizantina.

As notícias históricas sobre ele são contraditórias, a ponto de muitos duvidarem da sua existência. Tudo indica que seja um escravo originário da Scizia. Segundo seu biógrafo, um tal de Nicéforo, presbítero da igreja de Santa Sofia, André foi educado por seu senhor, que o fez seu secretário.

Depois, ainda muito jovem e repentinamente, André começou a mostrar claros sinais de loucura. Seu senhor o prendeu com correntes junto à igreja de Santa Anastácia, mas foi inútil: já havia começado a aventura do mais amado “louco de Cristo” de Constantinopla. Doravante, ele viverá simulando tal degrado exterior que provocava asco até aos animais. Segundo a tradição, fazia isso para poder servir às pessoas na humildade e no escondimento.

Visionário e fascinado pelo futuro do ser humano, André expressou com a vida e com numerosos diálogos a sua espera do Reino de Deus e do juízo e final dos tempos que as Escrituras anunciam para a fim da história. Quem o acompanhava como interlocutor era Epifânio, uma pessoa dotada de bom juízo, que se tornará patriarca de Constantinopla.

Diferentemente de seu predecessor de Emesa, Simão o louco, André não simulava a loucura para desmascarar os pecados das pessoas que encontrava, mas dedicou a toda sua vida para indicar um mundo invisível, uma sabedoria diversa. Talvez seja por isso que ele é muito amado pelos monges bizantinos, que dedicaram a ele inúmeras pequenas igrejas, nos lugares mais impensáveis.

Na Igreja russa, a memória de André está ligada à festa da proteção da Mãe de Deus, profetizada por ele numa das suas mais célebres visões.


(Comunità de Bose, Il libro dei testimoni, San Paolo, Milano, 2002, p. 261-262)

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