Dia das mães: celebrar sim, comemorar não!
Neste segundo domingo de maio, como em
todos os demais, celebraremos o Dia das Mães. Celebrar não é o mesmo que
comemorar. Comemorando já estão a mídia e o comércio: a primeira ‘vendendo’ a
imagem da ‘mãe ideal’ – elegante, sorridente, jovem, moderna; o segundo
‘ensinando’ filhos e filhas a transformar em realidade aquela imagem...
Celebremos, portanto, ao invés de
simplesmente comemorar...
Celebremos a mãe sem charme, que esquece
de si mesma, dia após dia, pois seus recursos não chegarão nunca para comprar
moda: ela precisa alimentar os filhos.
Celebremos as mães cheias de rugas
prematuras, que não têm tempo para a academia, pois, do nascer ao pôr do sol,
cuidam de seus filhos especiais.
Celebremos as mães muito jovens e
inexperientes, que sequer tiveram tempo de se preparar para a maternidade,
pois, driblando o sono, seus olhos assustados e sua intuição procurar adivinhar,
no choro do bebê, o que lhe falta em conhecimento e prática.
Celebremos as mães sem sorriso que visitam
seus filhos nas clínicas de recuperação de dependentes químicos ou nas prisões,
pois, a despeito de seus esforços, não conseguiram que seu carinho se
sobrepusesse à tentação de sensações inusitadas ou do dinheiro fácil, num país
onde a honestidade é mal remunerada e a corrupção em todos os níveis faz
escola.
Celebremos as mães idosas, confinadas a
asilos onde perdem a identidade e os laços, pois, sem recursos ou sem tempo, os
filhos que ela deu ao mundo já não se lembram da própria dívida de amor e de
cuidado.
Celebremos as mães que já se despediram
desta vida e estão, com certeza, abençoando sem cessar seus filhos que lutam
pela vida.
Celebremos, sim, e lembremos – cada um de
nós – de todas as mães que nos cercam e que merecem, hoje e sempre, não importa
quem e como sejam, a gratidão de quem recebeu, através delas, o mais precioso dos
dons: a vida.
Maria Elisa
Zanelatto
Nenhum comentário:
Postar um comentário