sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Evangelho dominical

EXAME PERANTE O TESTEMUNHO DA VERDADE

Dentro do processo em que se vai decidir a execução de Jesus, o evangelho de João oferece um surpreendente diálogo privado entre Pilatos, representante do império mais poderoso da Terra, e Jesus, um réu maniatado que se apresenta como testemunha da verdade.
Precisamente, Pilatos quer, ao que parece, saber a verdade que se encerra naquele estranho personagem que tem ante o seu trono: «És Tu o Rei dos judeus?». Jesus vai responder expondo a Sua verdade nas afirmações fundamentais, muito queridas ao evangelista João.
«O Meu reino não é deste mundo». Jesus não é rei ao estilo que Pilatos pode imaginar. Não pretende ocupar o trono de Israel nem disputar a Tibério o seu poder imperial. Jesus não pertence a esse sistema em que se move o prefeito de Roma, sustentado pela injustiça e a mentira. Não se apoia nas forças das armas. Tem um fundamento completamente diferente. A Sua realeza provem do amor de Deus ao mundo.
Mas acrescenta algo muito importante: «Sou rei e vim ao mundo para ser testemunha da verdade». É neste mundo onde quer exercer a Sua realeza, mas de una forma surpreendente. Não vem governar como Tibério mas ser «testemunha da verdade», introduzindo o amor e a justiça de Deus na história humana.
Esta verdade que Jesus trás consigo não é uma doutrina teórica. É uma chamada que pode transformar a vida dos personagens. Tinha dito Jesus: «Se vos mantendes fiéis à Minha Palavra... conhecereis a verdade e a verdade vos fará livres». Ser fiéis ao Evangelho de Jesus é uma experiência única pois leva a conhecer uma verdade libertadora, capaz de fazer a nossa vida mais humana.
Jesus Cristo é a única verdade para a vivência dos cristãos. Não necessitaremos na Igreja de Jesus de fazer um exame de consciência coletivo ante o «Testemunho da Verdade»? Atrever-nos a discernir com humildade o que há de verdade e o que há de mentira no nosso seguir a Jesus? Onde há verdade libertadora e onde há mentira que nos escraviza? Não necessitaremos dar passos para maiores níveis da verdade humana e evangélica em nossas vidas, nossas comunidades e nossas instituições?
José Antonio Pagola

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