sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Evangelho dominical

ESTEJAM SEMPRE DESPERTOS


Os discursos apocalípticos recolhidos nos evangelhos refletem os medos e a incerteza daquelas primeiras comunidades cristãs, frágeis e vulneráveis, que viviam no meio do vasto Império romano, entre conflitos e perseguições, com um futuro incerto, sem saber quando chegaria Jesus, o Seu amado Senhor.
Também as exortações desses discursos representam, em boa parte, as exortações que faziam uns aos outros aqueles cristãos recordando a mensagem de Jesus. Essa chamada a viver despertos cuidando da oração e da confiança são um traço original e característico do Seu Evangelho e da Sua oração.
Por isso, as palavras que escutamos hoje, depois de muitos séculos, não estão dirigidas a outros destinatários. São chamadas que temos de escutar os que vivemos agora na Igreja de Jesus no meio das dificuldades e incertezas destes tempos.
A Igreja atual marcha por vezes como uma anciã «curvada» pelo peso dos séculos, as lutas e trabalhos do passado. «Com a cabeça baixa», consciente dos seus erros e pecados, sem poder mostrar com orgulho a glória e o poder de outros tempos.
Este é o momento de escutar a chamada que Jesus nos faz a todos. «Levantai-vos», animai-vos uns aos outros. «Erguei a cabeça» com confiança. Não olheis o futuro apenas a partir dos vossos cálculos e previsões. «Aproxima-se a vossa libertação». Um dia já não vivereis encurvados, oprimidos nem tentados pelo desalento. Jesus Cristo é o vosso Libertador.
Mas há formas de viver que impedem a muitos caminhar com a cabeça levantada confiando nessa libertação definitiva. Por isso, «tende cuidado de que não se entorpeça a mente». Não vos acostumeis a viver com um coração insensível e endurecido, procurando levar a vossa vida de bem-estar e prazer, de costas ao Pai do Céu e aos Seus filhos que sofrem na terra. Esse estilo de vida vos fará cada vez menos humanos.
«Estai sempre despertos». Despertai a fé nas vossas comunidades. Estai mais atentos ao Meu Evangelho. Cuidai melhor da Minha presença no meio de vós. Não sejais comunidades adormecidas. Vivei «pedindo força». Como seguiremos os passos de Jesus se o Pai não nos sustem? Como poderemos «manter-nos em pé ante o Filho do Homem»?
José Antonio Pagola

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