quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

O Evangelho dominical: 26.02.2017

NÃO À IDOLATRIA DO DINHEIRO

O Dinheiro, convertido em ídolo absoluto, é para Jesus o maior obstáculo para construir esse mundo mais digno, justo e solidário que quer Deus. Faz já vinte séculos que o Profeta da Galileia denunciou de forma rotunda que o culto ao Dinheiro será sempre a maior dificuldade que a humanidade encontrará para progredir para uma convivência mais humana.
A lógica de Jesus é esmagadora: «Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro». Deus não pode reinar no mundo e ser Pai de todos sem reclamar justiça para os que são excluídos de uma vida digna. Por isso não podem trabalhar por esse mundo mais humano pretendido por Deus os que, dominados pela ânsia de acumular riqueza, promovem uma economia que exclui os mais débeis e os abandona à fome e à miséria.
É surpreendente o que está acontecendo com o Papa Francisco. Enquanto os meios de comunicação e as redes sociais que circulam pela internet nos informam, com todo o tipo de detalhes, dos gestos mais pequenos da sua personalidade admirável, oculta-se de forma vergonhosa o seu grito mais urgente a toda a humanidade: «Não a uma economia da exclusão e da iniquidade. Essa economia mata».
Francisco não necessita de grandes argumentações nem profundas análises para expor o seu pensamento. Sabe resumir a sua indignação em palavras claras e expressivas que poderiam abrir a informação de qualquer telejornal ou ser título da imprensa em qualquer país. Só alguns exemplos.
«Não pode ser que não seja notícia que um idoso morre de frio no meio da rua e que o seja a queda de dois pontos na bolsa. Isso é exclusão. Não se pode tolerar que se deite comida fora quando há pessoas que passam fome. Isso é iniquidade».
Vivemos «na ditadura de uma economia sem rosto e sem um objetivo verdadeiramente humano». Como consequência, «enquanto os ganhos de uns poucos crescem exponencialmente, os da maioria ficam cada vez mais longe do bem-estar dessa minoria feliz».
«A cultura do bem-estar anestesia-nos, e perdemos a calma se o mercado oferece algo que todavia não compramos, enquanto todas essas vidas truncadas por falta de possibilidades nos parecem um espetáculo que de nenhuma maneira nos altera».
Quando o acusaram de comunista, o Papa respondeu de forma rotunda: «Esta mensagem não é marxismo, mas Evangelho puro». Uma mensagem que tem de ter eco permanente nas nossas comunidades cristãs. O contrário poderia ser sinal do que diz o Papa: «Estamos a tornar-nos incapazes de nos compadecermos com os clamores dos outros e já não choramos ante o drama dos outros».
José Antonio Pagola

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