quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

O Evangelho dominical (Pagola) - 16.02.2020


NÃO À GUERRA ENTRE NÓS!

Os judeus falavam com orgulho da lei de Moisés. Segundo a tradição, o próprio Deus a havia dado ao seu povo. Era a melhor coisa que tinham recebido Dele. Nessa lei, está a vontade do único Deus verdadeiro. Ali podem encontrar tudo o que necessitam para serem fiéis a Deus.
Também para Jesus, a Lei é importante, mas já não ocupa o lugar central. Ele vive e comunica outra experiência: o reino de Deus está chegando; o Pai está procurando abrir caminho entre nós para criar um mundo mais humano. Não basta cumprir a lei de Moisés. É necessário abrirmo-nos ao Pai e colaborar com ele para tornar a vida mais justa e fraterna.
Por isso, segundo Jesus, não basta cumprir a Lei, que ordena «não matarás». É necessário, também, arrancar da nossa vida a agressividade, o desprezo pelo outro, os insultos ou as vinganças. Aquele que não mata cumpre a Lei, mas se não se liberta da violência, no seu coração não reina, todavia, esse Deus que procura construir conosco uma vida mais humana.
Segundo alguns observadores, está espalhando-se na sociedade atual, uma linguagem que reflete o crescimento da agressividade. Cada vez são mais frequentes os insultos ofensivos, proferidos apenas para humilhar, desprezar e magoar. Palavras nascidas da rejeição, do ressentimento, do ódio ou da vingança.
Por outro lado, as conversas estão frequentemente tecidas de palavras injustas que espalham condenações e semeiam suspeitas. Palavras ditas sem amor e sem respeito que envenenam a convivência e fazem mal. Palavras nascidas quase sempre da irritação e da mesquinhez.
Este não é um acontecimento presente apenas na vida social. É também um grave problema no interior da Igreja. O Papa Francisco sofre ao ver divisões, conflitos e confrontos de cristãos em guerra contra outros cristãos. É um estado de coisas tão contrário ao Evangelho que sentiu a necessidade de nos dirigir uma chamada urgente: «Não à guerra entre nós».
Assim fala o Papa: «Dói-me verificar como, em algumas comunidades cristãs, e mesmo entre pessoas consagradas, consentimos em várias formas de ódios, calúnias, difamações, vinganças, ciúmes, desejo de impor as próprias ideias à custa de qualquer coisa e até perseguições que parecem uma implacável caça às bruxas. A quem vamos evangelizar com esse tipo de comportamento?» O Papa quer trabalhar para uma igreja em que «todos possam admirar como vos cuidais uns aos outros, como vos dais alento mutuamente e como vos acompanhais».
José Antonio Pagola
Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez

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