COM POUCAS COISAS
Que terá acontecido para nos distanciarmos
tanto daquele projeto inicial de Jesus? Onde
ficou o encargo que ele nos confiou? Quem continua, hoje, a ouvir as Suas
recomendações?
Poucos
relatos evangélicos nos revelam melhor a intenção original de Jesus do que este
que nos apresenta a Jesus enviando os seus discípulos dois a dois, sem
alforjes, dinheiro ou túnica de reserva.
Basta um amigo, um bastão e umas sandálias
para seguir pelos caminhos da vida, anunciando a todos/as essa mudança que
necessitamos para descobrir o segredo último da vida e o caminho para a
verdadeira libertação.
Não desvirtuemos
irresponsavelmente a missão de Jesus. Não
pensemos que se trata de uma utopia ingênua, própria talvez de uma
sociedade seminômade já ultrapassada, mas impossível num mundo como o nosso.
Aqui
há algo que não podemos esquecer. O
evangelho é anunciado por aqueles que sabem viver com simplicidade. Homens e
mulheres livres que conhecem a alegria de caminhar pela vida sem se sentirem
escravos das coisas. Não são os poderosos, os financistas, os tecnocratas,
os grandes estrategistas da política que vão construir um mundo mais humano.
Esta sociedade precisa descobrir que precisa
voltar a uma vida simples e sóbria. Não basta aumentar a produção e atingir um
maior nível de vida. Não e suficiente ganhar sempre mais, comprar mais e mais
coisas, desfrutar de maior bem-estar.
Esta sociedade precisa, mais do que nunca, do
impacto de homens e mulheres que saibam viver com poucas coisas. Crentes
capazes de mostrar que a felicidade não está em acumular bens. Seguidores de Jesus
que nos recordam que não somos ricos quando possuímos muitas coisas, mas quando
sabemos desfrutá-las com simplicidade e partilhá-las com generosidade.
As pessoas que vivem uma vida simples e uma
solidariedade generosa são as que melhor pregam hoje a conversão de que tanto
necessita a nossa sociedade.
José Antonio Pagola
Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez
Nenhum comentário:
Postar um comentário