AMAR, APRENDE-SE!
Quase ninguém pensa que o amor a
gente precisa ir aprendendo pouco a pouco ao, longo da vida. A maioria das
pessoas pensa que o ser humano aprende a amar espontaneamente. Por isso percebemos
tantos erros e tanta ambiguidade nesse mundo misterioso e atraente do amor.
Há quem pense que o amor consiste
fundamentalmente em ser amado, e não em amar. Por isso
passam a vida esforçando-se para conseguir que alguém os ame. Para estas
pessoas, o importante é ser atraente, ser agradável, ter uma conversa
interessante, fazer-se querer, ser simpática. Em geral, acabam sendo bastante
infelizes.
Outros estão convencidos de que
amar é algo simples, e que o difícil é encontrar pessoas agradáveis às quais se
possa querer bem. Só se aproximam de quem lhes
parece simpático. Assim que não encontram a resposta desejada, o seu «amor»
desaparece.
Há aqueles que confundem o amor
com o desejo. Reduzem tudo a encontrar alguém que satisfaça o seu desejo de
companhia, afeto ou prazer. Quando dizem «amo-te», na realidade
estão dizendo «desejo-te», «Apeteces-me».
Quando Jesus fala do amor a Deus e ao próximo como a coisa mais
importante e decisiva da vida, está pensando noutra coisa. Para Jesus, o amor é a força que move e faz crescer a vida, pois pode
libertar-nos da solidão e da separação para nos fazer entrar na comunhão com
Deus e com os outros.
Mas, amar o próximo como a si
mesmo requer uma verdadeira aprendizagem, sempre possível para quem têm
Jesus como Mestre. E a primeira tarefa é aprender
a escutar o outro. Procurar entender o que vive. Sem essa escuta sincera
dos seus sofrimentos, necessidades e aspirações, não é possível o amor
verdadeiro.
A segunda atitude é aprender a
dar. Não há amor onde não há entrega generosa, doação desinteressada,
presente. O amor é todo o contrário de acumular, apropriar-se do outro, usá-lo,
aproveitar-se dele. Por último, amar
exige aprender a perdoar. Aceitar o outro com as suas debilidades e a sua
mediocridade. Não retirar rapidamente a amizade ou o amor. Oferecer uma e outra
vez a possibilidade de reencontro.
José Antonio Pagola
Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez
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