A verdadeira alegria é servir sem nada esperar
822 | 31 de agosto de 2025 | Lucas 14,1-14
Jesus não desperdiça nenhuma
ocasião para ensinar. Hoje ele desenvolve a corajosa lição na casa de um dos
chefes dos fariseus, logo depois de afirmar que as necessidades de qualquer pessoa
estão acima de todas as leis. Ele propõe uma inversão radical na escala dos
valores da sociedade e da religião, e não se cala nem mesmo na casa de uma
autoridade, em pleno jantar para o qual havia sido convidado.
Jesus evita ficar na periferia ou
na superfície das questões essenciais. Seu ensino é sobre uma questão
fundamental da vida cristã: quem é o maior ou o primeiro, o mais importante ou
notável na vida cristã? Jesus começa pela crítica ao orgulho e aos privilégios
e passa à questão dos beneficiários da nossa atenção. Ele conhece o costume de
privilegiar, tanto nas festas quanto nas decisões e projetos políticos, os
familiares, parentes, amigos e vizinhos. Para Jesus, este é um círculo muito
estreito.
Jesus começa falando aos hóspedes
que estão com ele à mesa. Diz que “todo aquele que se exalta será humilhado, e
quem se humilha será exaltado”. Depois, dirige-se ao anfitrião questionando a
sua expectativa de retribuição. Orgulho e a busca de retribuição são posturas nada
evangélicas. Não podemos ceder a honras e vaidades, mas buscar o lugar
reservado aos servidores, superar a velha prática de servir, apoiar e defender
prioritariamente as pessoas e instituições que a favorecem.
Jesus propõe a inversão da ordem
dos grupos e pessoas que costumam aparecer no topo das nossas listas de
honoráveis, presenças infalíveis entre os convidados das nossas festas e
solenidades: os pobres, aleijados, e cegos devem ser os primeiros! É claro que Jesus
não quer estragar nossa festa, mas questionar a estreiteza das fronteiras que
traçamos entre ‘nós’ e ‘eles’, entre os ‘nossos’ e os ‘outros’.
A verdadeira felicidade consiste em
dar generosamente. A busca de privilégios e compensações é tão desgastante
quanto infantilizadora: o caminho que dá acesso a eles costuma passar pela subserviência,
e é acompanhado pelo medo do anonimato e pelo apego doentio aos bens e títulos.
Para quem segue o caminho de Jesus, a recompensa é prometida para ressurreição
dos justos.
A
felicidade que ninguém pode roubar é aquela que conquistamos entrando pela
estreita porta da humildade, da generosidade e da solidariedade. É a alegria
profunda que experimentamos quando ouvimos da boca dos porta-vozes da vida o
convite: “Amigo, vem para um lugar melhor!”
Sugestões para a
meditação
§ Observe
atentamente a atitude e os pensamentos dos convidados à mesa, e, especialmente,
o olhar e as palavras de Jesus
§ Que lugar as
pessoas mais pobres e com posses limitadas têm em nossos eventos e projetos?
§ Examine com
sinceridade e profundidade o que motiva aquilo que você faz: a gratuidade ou a
expectativa de retorno?
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