A fé não é maquiagem para salvar as aparências!
816 | 25 de agosto de 2025 | Mateus 22,13-22
No capítulo 23 do
evangelho segundo Mateus, Jesus de Nazaré instrui seus discípulos no caminho do
Reino de Deus criticando e desmascarando o modo de viver e ensinar a fé dos
fariseus e doutores da lei. Depois de pedir que seus discípulos e discípulas não
sejam como eles (cf. 23,1-12), Jesus os enfrenta proclamando sete maldições ou
“ais” num tom claramente polêmico. No texto de hoje, temos as três primeiras
expressões dessa espécie de julgamento escatológico.
As duas primeiras ‘maldições’
destacam o resultado danoso da influência da elite religiosa sobre a vida do
povo de Deus. Na primeira, eles são deslegitimados porque não acolhem o Reino
de Deus anunciado por Jesus e, por seu ensino, impedem que outros entrem no seu
dinamismo. E isso acontece porque impõem sobre o povo o pesado fardo de leis e
prescrições das quais excluem a misericórdia, a justiça e a fé.
A segunda
afirmação crítica também enfatiza o impacto prejudicial da prática e do ensino
religioso dos doutores da lei e dos fariseus sobre outros. A razão é que eles
não compreendem a vontade de Deus e, por isso, convertem as pessoas ao
judaísmo, mas são incapazes de apresentar a elas um caminho de vida coerente
com a fé. Como eles não conseguem ou se recusam a reconhecer em Jesus o enviado
de Deus, acabam levando os convertidos a fazerem o mesmo.
Na terceira
lamentação, Jesus muda o foco, que não é mais o mal causado nos outros, mas a
própria prática religiosa atabalhoada da elite do judaísmo. Jesus inicia cada
uma das duas críticas citando as próprias palavras dos fariseus e escribas, e
condena o mau uso da prática popular do juramento, como uma espécie de atalho
para desviar das exigências da vontade de Deus. O juramento também costuma
esconder a falta de credibilidade e a enviesada de quem jura.
Jesus ridiculariza as distinções casuísticas e
arbitrárias, assim como as filigranas do ensino dos fariseus e escribas, um
ensino e uma prática que não têm nada a ver com o Reino de Deus. Eles não
passam de guias cegos que não fazem mais que desencaminhar e colocar em risco a
salvação de quem se deixa guiar por eles. Na lógica do Reino de Deus não faz
sentido distinguir entre juramentos que obrigam e juramentos que não obrigam,
pois Deus é um só, e está presente em tudo.
Sugestões para a
meditação
§ Releia
atentamente as três críticas de Jesus em relação aos fariseus e doutores da
lei, e procure entender exatamente o que Jesus está reprovando neles
§ Hipócritas são
as pessoas que “recitam um papel”, como os atores que representam um
personagem, mas não são aquilo que representam, e guias cegos são uma espécie
de contrassenso e um perigo muito sério
§ Deixe que Jesus
avalie suas práticas religiosas e sua pregação: será que não estão eivadas de
hipocrisia, de distinções sutis que mais atrapalham que ajudam?
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