terça-feira, 26 de agosto de 2025

Ainda sobre a hipocrisia

O cristão precisa ser coerente e transparente

818 | 27 de agosto de 2025 | Mateus 23,27-32

Nos últimos dias, estamos refletindo sobre as críticas e denúncias de Jesus contra os mestres da lei e fariseus. O evangelista fala dos fariseus, mas pensa nos discípulos de Jesus e nas comunidades dos anos 80 da era cristã. Ele quer alertar e chamar à conversão e à coerência os discípulos de todos os tempos. No texto de ontem, Jesus já apresentou uma série de “ais” ou maldições contra os líderes religiosos.

No texto de hoje, temos a sexta e a sétima “maldições”, que dão continuidade e completam as cinco primeiras. Na primeira das duas, Jesus denuncia a incoerência entre a aparência que ostentam e a realidade concreta da vida dos escribas e fariseus. Na segunda, afirma que, mesmo maquiando e buscando mil disfarces, eles continuam a tradição assassina dos seus antepassados, perseguindo e eliminando os profetas para depois chorar na sepultura deles ou incensa-los cinicamente.

Jesus usa uma imagem bem conhecida dos seus conterrâneos e contemporâneos. Acuados pela busca da quase impossível pureza cultual, os judeus pintavam as sepulturas para que ninguém corresse o risco de se contaminar pisando inadvertidamente sobre os cadáveres. Mas Jesus muda um pouco o sentido dessa imagem, e diz que os fariseus e mestres da lei são como sepulturas enfeitadas para esconder o mal e a podridão que eles mesmos alimentam e guardam dentro de si.

Além disso, ao enfeitar as tumbas dos profetas e recordar o destino deles, em vez de fazê-lo para honrar os profetas fazem-no para esconder a violência com a qual perseguem os profetas do seu tempo, João Batista e Jesus à frente, e os discípulos depois. Para Jesus, com esta prática eles não apenas continuam a história de violência dos antepassados, mas a completam e levam ao ponto mais alto. Por isso, Jesus associa as suas cidades aos lugares mais detestados pela memória histórica do judaísmo, símbolos de fechamento e violência: Tiro, Sidônia e Sodoma.

Ser cristão é ser discípulo de Jesus, assimilar sua escala de valores e seu modo de viver. A preocupação fundamental de quem se põe atrás de Jesus não pode ser a pureza ritual e exterior, mas a pureza de mente e de coração, a retidão nas decisões e projetos que assume. Afinal, Jesus não pede mais orações, sacrifícios e cultos, mas uma justiça maior que a dos fariseus. Ser cristão é ser diferente, transparente e coerente com Jesus Cristo e seu Evangelho. O alerta está dado!

 

Sugestões para a meditação

§ Procure ler ao contrário: o que Jesus e o Reino de Deus pedem ou esperam daqueles que seguem este caminho

§ Seguindo o que fala Jesus, você seria capaz de identificar as principais incoerências e contradições dos líderes cristãos e políticos de hoje?

§ Você seria capaz de identificar e dar nome às contradições e incoerências que rondam você, sua família e sua comunidade em relação ao Evangelho de Jesus?

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