2 Coríntios
5,1-10. Entre o tempo presente e a vida eterna
Paulo compara a vda cristã a uma tenda, a uma barraca usada pelos
beduínos, que é desmontada quando o tempo de parada terminou. E a morte é mais
ou menos como o processo de mudança. Na verdade, estamos sobre a terra como
peregrinos, como nômades. Chega o momento de mudar, porque a nossa tenda é
desfeita. Mas o Senhor nos preparou outra casa, mais perfeita, eterna. É nossa
casa no céu. Jesus também havia falado de uma casa que o Pai preparou para nós:
“Não se perturbe o vosso coração... Na casa de meu Pai há muitas moradas... Vou
preparar um lugar para vós” (Jo 14,1-3). Mas, nas palavras de Paulo entendemos
mais como “um novo corpo” que Deus nos dará. É o dom da ressurreição do corpo.
E Paulo prossegue com uma nova imagem. Ele não fala mais de casa, mas de um novo vestido que o Senhor nos dá.
Infelizmente, a morte nos rouba a vida, mas o Senhor vem em nosso socorro e nos
reveste de imortalidade. Como é na ressurreição dos mortos que receberemos o
vestido completo, por enquanto temos apenas seu penhor. O Espírito enviado ao
nosso coração é o penhor, ou seja, o início e a garantia daquela veste que
receberemos plenamente na ressurreição. Durante este tempo estamos como que no
exílio, longe da pátria, acrescenta o apóstolo, mas não caminhamos sem direção,
não damos passos no escuro. Não temos ainda uma visão clara, mas nos guiamos pela
fé. Paulo expressa o desejo de viver definitivamente junto do Senhor, como já
havia escrito na primeira Carta aos Tessalonicenses, quando tratava do tema da
ressurreição: “E assim, estaremos sempre com o Senhor” (1 Tes 4,17). De fato,
ele é a casa que Deus preparou para nós. Por outro lado, o apóstolo não se
subtrai à responsabilidade de viver de modo digno e de ser agradável a Deus neste
mundo. Somos chamados, de fato, a revestirmo-nos desde hoje dos sentimentos de
Cristo. Assim vestidos, não receamos chegar ao juízo final, no qual cada um
deverá responder sobre as próprias ações diante do Senhor. A tensão entre o
presente e o futuro que nos espera é vivida numa vida de fé, que é exatamente
“a demonstração de realidades que não se vêem” (Hb 11,19.
Reflexão preparada pela Comunidade Santo
Egídio de Roma e traduzida ao português a pedido da mesma por Itacir Brassiani msf)
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