sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Palavra & Polêmica

Ontem a Igreja nos propunha a memória de Maria Rainha. Você não acha que este título aplicado a Maria é assaz anacrônico e ambíguo, apesar da memória ter sido introduzida na loiturgia recentemente (por Pio XII, em 1955)? Como não ficar com a impressão de que, para os cristãos católicos, a monarquia – com seus reis, rainhas e príncipes – continua sendo o ideal perfeito do que é ser homem e mulher? O Evangelho sublinha que Maria é serva, e não rainha! O próprio trecho de Lucas proposto para a liturgia do dia tem seu desfecho nas palavras claras e belas de Maria: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua Palavra” (Lc 1,38). Só a longa convivência quase simbiótica do cristianismo com as monarquias e os impérios pode levar ao disparate de imaginar e propor Maria como rainha. Renovar o imaginário é preciso! Dando por descontado que não podemos prescindir de imagens para falar de Deus e daqueles/as que o buscam e testemunham, ao menos busquemos imagens mais sintonizadas com o Evangelho. Que tal celebrar a memória de Maria Serva do Senhor? Ou propor a festa de Maria Sindicalista ou líder de movimentos populares? Ou a solenidade de Maria Mestra dos sonhadores utópicos?

Nenhum comentário: