sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Brasileiros celebram a Independência do Brasil em Roma

Independência do Brasil e paz no mundo

Dom Braz de Aviz e concelebrantes
Hoje, véspera da festa da Independência do Brasil, centenas de brasileiros e brasileiras residentes em Roma – trabalhadores/as, religiosos/as, estudantes e diplomatas – se reuniram no Colégio Pio Brasileiro para festejar a Semana da Pátria e os 191 anos da independência do Brasil.
Acolhendo o apelo dramático do Papa Francisco, que convocou os cristãos e todos os homens e mulheres de boa vontade a se engajarem numa corrente de pressão pela paz e contra a intervenção militar na Síria, os promotores do evento – Embaixada do Brasil no Vaticano e Colégio Pio Brasileiro – anteciparam para hoje a festa, inicialmente prevista para amanhã, 7 de setembro.
O encontro celebrativo começou com uma missa solene, presidida pelo cardeal brasileiro Dom João Braz de Aviz, Prefeito da Congregação para os Religiosos, e concelebrada pelo reitor e pelo diretor espiritual do Colégio Pio Brasileiro, respectivamente, Pe. João Roque Rohr sj e Pe. Antônio Régis Brasil, e por dezenas de outros presbíteros. Em seguida, a Embaixada ofereceu no local um coquetel a todos os presentes.
Vista parcial dos participantes da Missa
Na sua homilia, Dom João Braz de Aviz começou fazendo memória do evento da independência administrativa no Brasil, ocorrida num contexto histórico de dependência política e econômica. Hoje, a independência é relativa, pois vivemos num contexto de interdependência globalizada. Algumas dívidas sociais contraídas pelo Estado brasileiro, heranças do período colonial, não foram saldadas pelo Império nem pela Repbúlica, e esperam pagamento até hoje.
Em seguida, o Cardeal brasileiro sublinhou alguns aspectos da palavra de Deus sugerida para a festa. O profeta Isaías (58,6-11) recorda que o que Deus espera do seu povo é que acabe com as injustiças e com  a opressão, reparta comida com os famintos, dê abrigo para os pobres e errantes e não se esconda dos necessitados. Eis o caminho prático para reunir um povo soberano! Eis a razão de ser de um Estado realmente soberano e independente!
O embaixador do Brasil na Italia e o Pe. J. Roque sj
À luz do evangelho de Lucas 22,24-30, o Cardeal Prefeito sublinhou a necessidade imperiosa de que a Igreja resgate a atitude de Jesus e o ensinamento do Vaticano II: ela  é essencialmente povo de Deus, e todos os seus membros são detentores desta dignidade. Toda diferenciação ulterior é secundária. E nisso, a postura pessoal do Papa Francisco desafia todos os que detêm autoridade na Igreja: não há excelência, reverência ou eminência fora do serviço verdadeiro e efetivo ao povo, fora do empenho para que sua dignidade inalienável seja reconhecida e respeitada. É mais que tempo de abandonar títulos, honrarias, privilégios e pratarias.
Recitamos também os belos versos do Salmo 84/85: “Ouvirei o que diz o Senhor Deus: ele anuncia paz para o seu povo, para seus fiéis, para quem volta para ele de todo o coração. Misericórdia e verdade se encontram, justiça e paz se abraçam. A verdade brota da terra e a justiça se inclina do céu.” Estes versos proféticos nos ajudaram a sintonizar com o movimento convocado para o dia de amanhã, em Roma. Quem dera que a paz e a justiça se abracem em toda a terra...
Dom Braz de Aviz e o Embaixador do Brasil no Vaticano
De fato, o espectro de mais uma intervenção militar, cinicamente deflagrada em nome da paz e dos direitos humanos por algumas potências ocidentais, sem nenhuma autorização da ONU, ronda o Oriente Médio e a Europa. A punição por causa do suposto uso de armas químicas é uma desculpa esfarrapada para outros interesses, pois estes mesmos países se fizeram de cegos diante do uso destas armas por outros países alguns anos atrás.
Um brinde à Paz
Assim, os brasileiros/as em Roma estão aderindo ao chamado do Papa Francisco e se engajam na jornada de jejum e oração pela paz no mundo e contra a intervenção militar na Síria. No hino nacional cantamos, meio inconscientes, que queremos “paz no futuro” porque já temos “glórias no passado”. Sem questionar o passado do nosso país, cremos que a paz é urgência no presente, e um dom não exclusivo ao povo brasileiro. Como não existe paz sem justiça, também não se é livre um povo que não se importa como os demais povos, ou os considera inimigos.
Itacir Brassiani msf

Nenhum comentário: