sexta-feira, 27 de setembro de 2013

São Vicente de Paulo

São Vicente de Paulo, apóstolo dos pobres

No dia 27 de setembro a Igreja nos propõe a memória de São Vicente de Paulo, religioso e servidor dos pobres.  Nascido em 1581 e morto em 1660, viveu uma infância muito pobre, foi ordenado padre com apenas 19 anos de idade e fundou, em 1625, a Congregação da Missão, conhecida como Lazaristas.

Fazendo memória desta vida forjada pela caridade, homenageio os Vicentinos e as Vicentinas, que levam adiante seu testemunho. E cito um trecho da exortação Vita Consecrata, de João Paulo II, o qual, ao refletir sobre o serviço da vida consagrada aos pobres, recorda explicitamente São Vicente de Paulo.

“Ao lavar os pés, Jesus revela a profundidade do amor de Deus pelo homem: n'Ele, o próprio Deus põe-Se ao serviço dos homens! Mas revela ao mesmo tempo o sentido da vida cristã e, com maior razão, da vida consagrada, que é vida de amor oblativo , de serviço concreto e generoso.

No seguimento do Filho do homem que “não veio ao mundo para ser servido, mas para servir” (Mt 20,28), a vida consagrada, pelo menos nos períodos melhores da sua longa história, caracterizou-se por este “lavar os pés”, ou seja, pelo serviço sobretudo aos mais pobres e necessitados. Se, por um lado, aquela contempla o mistério sublime do Verbo no seio do Pai (cf. Jo 1,1), por outro, segue o Verbo que Se faz carne (cf. Jo 1,14), aniquila, humilha para servir os homens.

As pessoas que seguem Cristo pelo caminho dos conselhos evangélicos também hoje se propõem ir até onde Cristo foi e fazer o que Ele fez. Continuamente Jesus chama a Si novos discípulos, homens e mulheres, para lhes comunicar, mediante a efusão do Espírito (cf. Rm 5,5), a agape divina, o seu modo de amar, estimulando-os assim a servirem os outros, no humilde dom de si próprios, sem cálculos interesseiros.

A Pedro que, extasiado pelo resplendor da Transfiguração, exclama: “Senhor, é bom estarmos aqui” (Mt 17,4), é dirigido o convite a regressar às estradas do mundo, para continuar a servir o Reino de Deus: “Desce, Pedro! Desejavas repousar no monte. Desce! Prega a Palavra de Deus, insiste a todo o momento, oportuna e inoportunamente, repreende, exorta, encoraja com toda a paciência e doutrina. Trabalha, não olhes a canseiras, nem rejeites dores ou suplícios, a fim de que, pela candura e beleza das boas obras, tu possuas na caridade aquilo que está simbolizado nas vestes brancas do Senhor”.

O olhar fixo no rosto do Senhor não diminui no apóstolo o empenho a favor do homem; pelo contrário, reforça-o, dotando-o de uma nova capacidade de influir na história, para a libertar de tudo quanto a deforma. A busca da beleza divina impele as pessoas consagradas a cuidarem da imagem divina deformada nos rostos de irmãos e irmãs: rostos desfigurados pela fome, rostos desiludidos pelas promessas políticas, rostos humilhados de quem vê desprezada a própria cultura, rostos assustados pela violência quotidiana e indiscriminada, rostos angustiados de menores, rostos de mulheres ofendidas e humilhadas, rostos cansados de migrantes sem um digno acolhimento, rostos de idosos sem as mínimas condições para uma vida digna. A vida consagrada prova assim, com a eloquência das obras, que a caridade divina é fundamento e estímulo do amor gratuito e operoso.

Bem convencido disto estava S. Vicente de Paulo, quando indicava às Filhas da Caridade este programa de vida: “O espírito da Companhia consiste em dar-se a Deus para amar Nosso Senhor e servi-Lo na pessoa dos pobres material e espiritualmente, nas suas casas e noutros lugares, para instruir as meninas pobres, as crianças, e em geral todos aqueles que a divina Providência vos manda” (Vita Consecrata, 75).

S. Vicente de Paulo gostava de dizer que, quando se tem de deixar a oração para ir prestar assistência a um pobre em necessidade, na realidade a oração não é interrompida, porque “se deixa Deus para ir estar com Deus”. Servir os pobres é ato de evangelização e, ao mesmo tempo, selo de fidelidade ao Evangelho e estímulo de conversão permanente para a vida consagrada, porque — como diz S. Gregório Magno — “quando a caridade se debruça amorosamente a prover mesmo às ínfimas necessidades do próximo, então é que se alteia até aos cumes mais elevados. E quando benignamente se inclina sobre as necessidades extremas, então mais vigorosamente retoma o voo para as alturas” (Vita Consecrata, 82).

Itacir Brassiani msf

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