“Envia tua Palavra, palavra de salvação, que vem
trazer a esperança, aos pobres libertação!” O povo hebreu, como tantos outros
do Oriente antigo, não consegue pensar o futuro e sua dignidade coletiva senão
no quadro da monarquia. É por isso que suas esperanças messiânicas adquirem
contornos de restauração ou duração do governo do rei. Nesse ideal monárquico,
as tradições davídicas, que sublinham a missão libertadora do rei, jogam um
papel importante. “Com justiça ele governe o vosso povo, com equidade ele
julgue os vossos pobres. Libertará o indigente que suplica e o pobre ao qual
ninguém quer ajudar. Terá pena do indigente e do infeliz e a vida dos humildes
salvará” (Sl 71). O profeta Jeremias fala nesse horizonte, quando convida a
contemplar o futuro e suscita a esperança de um descendete de Davi sábio, justo
e reto, cujo nome será “Javé, nossa justiça” (cf. Jr 23,5-8). Mas, nos albores
do cristianismo, Mateus nos apresenta José como o homem justo e seu Filho como
o justificador (cf. Mt 1,18-24). José é justo porque toma distância dos sonhos
noturnos e tenebrosos de domínio, poder e riqueza e mergulha nos sonhos
matinais e luminosos de acolhida da novidade, da ação emancipadora de Deus. Os
sonhos de poder recomendam o abandono e o desprezo de quem não age segundo
nossos parâmetros. Os sonhos que nos conectam com Deus sugerem não ter medo de
desposar quem não age segundo nossa vontade e as regras estabelecidas. Tudo
porque o nosso é um “Deus-conosco”, um Irmão que vem para levantar o pesado
manto do pecado que nos envolve e aprisiona. Portanto, acordemos, façamos
aquilo que nos ordena a Palavra, recebamos em nossa casa os companheiros que
não rezam pelo nosso catecismo. “Concedei aos que gememos sob diversas formas
de escravidão a graça de ser libertados pelo novo natal do vosso Filho, que tão
ansiosamente esperamos.”(Itacir
Brassiani msf)
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