segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Vivendo o Advento (2)

Isaías: as crianças são sacramento e profecia!
Um personagem muito significativo e presente no tempo do Advento é o profeta Isaías. Seu nome, que significa literalmente Ihaweh é salvação, indica a missão. Isaías entre 740 a 700 a.C. Isaías é um profeta que ajudou muito as comunidades cristãs a penetrar o mistério de Jesus de Nazaré como Messias. As origens de Jesus são interpretadas a partir dos textos Is 7,10-15; 9,1-6; 11,1-9.
O profeta Isaías viveu num período de grande violência. Os reinos de Israel e de Judá respiravam ainda uma certa autonomia, no contexto internacional. Mas no horizonte já estava se formando um grande temporal: a invasão da Assíria. Formavam-se alianças para resistir. O rei Acaz, de Judá, preferiu pagar o tributo à poderosa Assíria em vez de se aliar com os pequenos reinos vizinhos. O medo e a traição aos reinos irmãos levaram Acaz a investir fortemente no exército e nas fortificações das muralhas.
Isaías é o profeta das crianças. As crianças são personagens simbólicas e centrais em muitas perícopes. Por exemplo, em 1,17.23; 10,2; 3,4-5; 9,17; 10,19; 13,18; 20,4; 14,3. Lendo estes textos, percebemos que o profeta tem um olhar especial para a situação das crianças, dos pequenos. Para Isaías, as crianças são uma espécie de categoria bíblica: o que acontece com elas expressa o que está acontecendo com os pequenos que não têm quem os defenda.
Para o profeta Isaías as crianças são sinal de contradição: Is 6,13, semente santa; Is 7,1-9: Seariasùb = "um resto-voltará"; Is 7,14: Emmanuel - Deus conosco"; Is 8,1-4: Mahèr-salàl-cash-baz = "pronto-saque-prozima-pilhagem. Estes nomes são mensagens que denunciam as conseqüências da guerra. Is 9,1-6: "Um menino nasceu..."; Is 11,1-9: "Um ramo sairá do tronco de Jessé". 
Com suas mães, as crianças invadem a cena. A presença delas é uma garantia: Deus está conosco! "Eis eu e os filhos que o Senhor me deu, somos um sinal..." Is 8,18. Nas crianças, Isaías condensa sua profecia. Elas são parábolas, são símbolos que antecipam a utopia. A partir delas se irradia uma luz que ilumina a realidade de hoje e de ontem.
Não podemos nos iludir ou cair no sentimentalismo, de parar olhando as crianças com ingenuidade. A profecia de Isaías fala de libertar os oprimidos; ameaça os poderosos com seu projeto que aposta nos pequenos. Sua crítica é contra o militarismo, a violência, a força como única solução dos conflitos. O símbolo das crianças está neste contexto de enfrentamento dos poderosos através de sujeitos considerados fracos, mas voltados ao futuro.
Isaías descobriu sua vocação no Templo. Ele foi sacerdote e profeta. Tinha liberdade de entrar e sair do palácio. Mas não deixou de enfrentar o rei a partir de outro projeto. O rei apostava nas armas, usava o nome de Deus e a religião em vista dos seus interesses e finalidades militares. O rei apostava nas armas e na guerra. Mas o profeta Isaías grita: nós apostamos nas mulheres, nas crianças, em quem não conta. Então, se define um confronto entre força e fraqueza, dominação e liberdade. O profeta ajuda a nascer ou acordar uma fé antiga: apostar nos pequenos, pois eles são a profecia de que um novo mundo é possível.
Vamos a Belém, vamos com Isaías.
O que importa é colocar-se a caminho!
Se no lugar de um Deus poderoso encontrarmos a fragilidade de uma criança,
não pensemos ter errado o caminho!
Deus-Conosco é clandestino nas necessidades dos pobres,
nos medos dos oprimidos,
na tristeza dos abandonados,
na solidão dos marginalizados.
Coloquemo-nos a caminho!
Vamos à busca, sem incerteza nem medo, semeadores e semeadoras de esperança.

Texto publicado pelo CEBI, adaptado por Itacir Brassiani msf 

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