domingo, 7 de dezembro de 2014

Vivendo o Advento (3)

Advento: tempo propício para preparar caminhos.

Um segundo personagem relevante na espiritualidade do Advento é o também profeta João Batista. Ainda antes de nascer, João foi chamado, pelo seu estilo de vida, a denunciar o que havia de errado e a viver como alguém que vai contra a maré. No tempo de Herodes, nas montanhas da Judéia, de casa em casa começou a correr uma notícia: Isabel, a esposa do sacerdote Zacarias, tida como estéril, estava grávida (cf. Lc 1,23-25). A coisa mais esquisita é que se dizia que Zacarias tinha voltado mudo de Jerusalém, depois de ter prestado seu serviço no templo (Lc 1,21). Passava de boca em boca que a causa disso fora sua incredulidade: ele não tinha acreditado na palavra de um anjo! (cf. Lc 1,20).
Quando a criança nasceu, no dia de sua circuncisão, dia em que se dava o nome à criança, Isabel rompeu todas as regras: sendo mulher, deu o nome ao filho e o chamou de João, um nome que não pertencia à tradição da família. Os parentes e os vizinhos ficaram escandalizados e se dirigiram a Zacarias, certos de que ele desmentiria a mulher mandando-a calar a boca... Mas Zacarias acatou a decisão de Isabel e escreveu numa tabuinha: “O seu nome é João!” Então, para surpresa de todos, voltou a falar. E que fala!
Nesta família, os nomes também são simbólicos: Zacarias, ou Deus se recorda; Isabel, que significa  Deus jurou; João, que quer dizer dom de Deus. A escolher o nome do filho, a mãe quis escrever na sua história e na sua história a história do seu povo que quando Deus jura, se recorda e doa o que ele promete. O povo começou a se perguntar: "O que será mais esta criança?" (Lc 1,65-66). No meio da louvação que entoou, Zacarias respondeu à pergunta: "E tu, menino serás chamado profeta do'Altíssimo!" (Lc 1,76).
Profetas são pessoas capazes de ver de enxergar longe, de interpretar os acontecimentos em relação à vontade de Deus. Conseguem enxergar os encontros na história: o encontro do clamor do povo que suplica e clama, luta sob o peso da opressão com a Palavra de Deus que liberta e salva. Recordam aos pobres que Deus é fiel à sua vocação, que ele não esquece, que é presença e resposta a quem clama e pede justiça, paz e alegria.
Isabel, Zacarias e João são uma família profética que nos recorda que Deus não esquece seus juramentos, nos visita e nos oferece a salvação. Nas palavras deles encontramos a voz dos pobres que denunciam a opressão que subtrai a vida e rouba a esperança. Mas, encontramos também o anúncio que o nosso Deus é um Deus com útero de misericórdia que acolhe, renova e vem ao encontro dos pobres que suplicam.
João soube ser fiél à sua vocação profética, nascida da profecia de Isabel e Zacarias. Como Isaías havia dito, ele vem preparar o caminho. João Batista, como um novo Elias, reúne ao seu redor aqueles que invocam a vinda do Messias. Nasce assim um movimento popular que abre os corações à esperança e, por isso, será presença no início da vida pública de Jesus, como foi presença na sua origem. Fiel à sua vocação profética, João denuncia abertamente os poderosos do seu tempo. Esta fidelidade o levará ao destino dos profetas e das profetizas: a perseguição e a morte.  
Vamos a Belém, vamos com João Batista.
O importante é se colocar a caminho!
Se no lugar de um Deus violento encontrarmos a ternura de uma criança,
não pensemos ter errado o caminho!
Deus-Conosco se esconde nos que promovem a paz,
nos que reconstroem conciliação, nos que sanam as relações,
nos que tem olhos e coração transparente.
Coloquemo-nos a caminho!
Vamos à busca, sem incerteza nem medo,
semeadores e semeadoras da esperança.

Texto publicado pelo CEBI, adaptado por Itacir Brassiani msf 

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