sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

O Evangelho dominical (Pagola) - 28.01.2024

ENSINAR COMO ENSINAVA JESUS

A forma de ensinar de Jesus provocou nas pessoas a impressão de que estavam diante de algo desconhecido e admirável. Assinala-o o evangelho mais antigo, e os investigadores pensam que foi assim realmente. Jesus não ensina como os letrados da Lei. Faz com autoridade: a sua palavra liberta as pessoas dos espíritos maus.

Não podemos confundir «autoridade» com «poder». O evangelista Marcos é preciso e exato na sua linguagem. A palavra de Jesus não vem do poder. Jesus não tenta impor sua própria vontade aos outros. Ele não ensina para controlar o comportamento das pessoas. Não utiliza a coação.

Sua palavra não é como a dos estudiosos da religião judaica. Não está investida de poder institucional. A sua autoridade nasce do poder do Espírito. Vem do amor pelas pessoas. Procura aliviar o sofrimento, curar feridas, promover uma vida mais saudável. Jesus não gera submissão, infantilidade ou passividade. Ele liberta as pessoas do medo, inspira confiança em Deus e encoraja as pessoas a procurarem um novo mundo.

Ninguém desconhece que estamos vivendo uma grave crise de autoridade. A confiança na palavra institucional é mínima. Dentro da Igreja fala-se de uma forte desvalorização do magistério. As homilias são chatas. As palavras estão desgastadas.

Não será esse o momento de voltar para Jesus e aprender a ensinar como fazia ele? A palavra da Igreja deve nascer do verdadeiro amor pelas pessoas. Deve ser dita depois de ouvir atentamente o sofrimento que existe no mundo, não antes. Deve ser próxima, acolhedora, capaz de acompanhar a vida sofrida do ser humano.

Precisamos de uma palavra mais liberta da sedução do poder e mais cheia da força do Espírito. Um ensinamento que nasce do respeito e da estima pelas pessoas, que gera esperança e cura feridas. Seria grave se, no seio da Igreja, se ouvisse uma doutrina de estudiosos e não a palavra curadora de Jesus, palavra de que as pessoas hoje tanto necessitam para viver com esperança.

José Antonio Pagola

Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez

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