sábado, 6 de janeiro de 2024

O Evangelho na vida de cada dia (221)

221 | Ano B | Tempo de Natal | Epifania do Senhor | Mateus 2,1-12

07/01/2024

Muito cedo, as comunidades cristãs estabeleceram uma convicção: em Jesus, na sua vida e nas suas palavras, Deus revela sua mais límpida vontade, e ela consiste na afirmação de que todos os povos e nações que não pertencem ao judaísmo são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo, e são associados à mesma promessa revelada ao povo judeu.

Ainda hoje somos tentados a dividir a humanidade em judeus e pagãos, cidadãos e não cidadãos, santos e pecadores, cristãos e hereges, nós e eles... E aqueles/as que proclamam e sustentam essa divisão se incluem sempre no primeiro grupo, entre as pessoas que agradariam a Deus! Não conseguem entender que Jesus tenha vindo para contestar e desmascarar essa ideologia.

A manifestação de Deus na estrebaria e na cruz, nas estradas e no templo, se confronta também com outra piedosa tentação: a ideologia do poder, que imagina que Deus é uma entidade todo-poderosa e age mediante as pessoas que se destacam pelo poder, pelo saber ou pela riqueza. Ao perguntarem onde está o rei dos Judeus que acabara de nascer, os anônimos magos do Evangelho nos remetem a um Menino, sem poder e sem sinais de realeza.

Com a solenidade da epifania, a manifestação do filho de Deus a todas as nações, povos e culturas, a Igreja quer suscitar nos cristãos a alegria e o discernimento, mas aquela depende deste. As pretensões de superioridade não podem levar-nos a esquecer que os primeiros a reconhecer a manifestação de Deus em Jesus Cristo são os pastores e os pagãos, os pecadores e as prostitutas. Enquanto os magos deixam a comodidade, buscam e perguntam, Herodes cede ao medo e os sacerdotes permanecem inertes.

Em Jesus, Deus vem ao encontro de quem está longe, de quem é tratado/a como último/a, que nada merece e nada pode. E se revela aos utópicos e sonhadores, aos buscadores de terras sem males, aos construtores da paz solidária, aos tecedores da fraternidade sem fronteiras. Aprendamos com os magos a vencer todo resquício de colaboração com a ideologia dos poderosos. Encontrando Jesus, trilhemos outros e novos caminhos!

 

Meditação:

§   Releia o texto lentamente, detendo-se nos personagens, naquilo que falam e fazem, nas atitudes que revelam

§   Mesmo que a tradição qualifique estes personagens como magos ou reis, eles são pagãos sábios e desprezados que buscam a Deus

§   O que leva Herodes e temer o nascimento do Messias, e os sacerdotes a não fazer nada, mesmo conhecendo as escrituras?

§   O que significa hoje o testemunho dos magos, especialmente o fato de, depois de encontrar e reconhecer Jesus, mudar de caminho?

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