terça-feira, 23 de janeiro de 2024

O Evangelho na vida de cada dia (238)

238 | Ano B | Tempo Comum | 3ª Semana | Quarta-feira | Marcos 4,1-20

24/01/2024

Marcos nos apresenta duas catequeses mais extensas de Jesus, dirigidas ao povo em geral e aos seus discípulos em particular: o capítulo 4 (em linguagem parabólica); e o capítulo 13 (em linguagem apocalíptica). A linguagem é diferente, mas o tema é o mesmo: as tensões e dificuldades da missão de Jesus e da missão daqueles que o seguem. E o apelo de Jesus também é o mesmo: escutar, entender e vigiar.

A crescente polarização entre o “pessoal do templo” e o “pessoal de Jesus” leva Jesus a se retirar de cena para refletir sobre sua missão e intensificar a formação dos seus discípulos/as. Recorrendo às parábolas, que têm como fundo a experiência da vida no campo, Jesus quer suscitar nos seus ouvintes a esperança diante das desigualdades. É uma espécie de sermão sobre a paciência e a perseverança missionária.

Contra aquilo que poderíamos chamar de realismo cínico daqueles que dizem que nada mudará na face da terra, que não adianta sonhar e tentar (a falsa sabedoria do senso comum), Jesus apresenta duas parábolas de sementes: a primeira convoca à paciência perseverante e revolucionária; e a segunda incita à esperança apesar das desigualdades que infestam e ferem a vida dos pobres. Jesus insiste que é preciso escutar e entender estas lições.

A parábola do semeador e a explicação que se segue estão no contexto do intenso conflito ideológico entre o ensino e a prática de Jesus e o ensino e a prática dos doutores da lei. Elas refletem os obstáculos enfrentados pela missão de Jesus e seus discípulos/as. Não são narrativas terrenas com sentidos celestes, mas demonstrações sobre o dinamismo do Reino de Deus nas coisas mundanas, históricas.

Os três tipos de terra inaptos à semente do Reino são três tipos de discipulado deficiente: aqueles que se afastam imediatamente depois de escutar o anúncio do Reino de Deus, ancorados num falso bom senso; aqueles que se entusiasmam e se alegram, mas não compreendem nem acolhem com profundidade; aqueles que aderem à dinâmica do Reino mas desistem porque são sufocados pelas riquezas e outras ambições. Mas há esperança, porque há também aqueles (25%!) que ouvem, entendem, perseveram e dão frutos.

 

Meditação:

ü  Releia o texto com a imaginação, prestando atenção na parábola, na reação dos discípulos, no questionamento e explicação de Jesus

ü  Em que medida nossa forma de seguir Jesus também apresenta as deficiências dos três primeiros tipos de terreno?

ü  Você também não é tentado a pensar que nada vale a pena, que nada muda, que tudo está perdido, que só resta salvar a alma?

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