quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

O Evagelho em nossa vida (254)

254 | Ano B | Tempo Comum | 5ª Semana, Sexta-Feira | Marcos 7,31-37

09/02/2024

No texto de ontem, vimos como a insistência e o argumento de uma mulher pagã faz Jesus “mudar” de opinião. Deus é pai, e não trata ninguém como indigno ou impuro, como se fosse um cão desprezível. Anunciando e realizando o Reino de Deus, Jesus derruba os muros que classificam, hierarquizam e opõem as pessoas e povos.

Na cena de hoje, Jesus continua em território pagão, e sua ação libertadora vai se estendendo a toda a região circunvizinha à Galileia. Pessoas anônimas levam a Jesus um homem que tinha extrema dificuldade de se comunicar verbalmente. Tudo indica que é mais um pagão, como o são também aqueles que o levam a Jesus e pedem que imponha suas mãos sobre ele.

Na mentalidade judaica, os pagãos eram pessoas impuras, das quais o judeu deveria afastar-se para não se tornar impuro, assim como era considerada impura a saliva humana. Sem nenhuma pretensão de fama, mas mantendo seu confronto com o sistema de pureza, Jesus leva o surdo-mudo para fora do olhar do público, toca sua língua com saliva e seus ouvidos com os dedos.

Com estes dois gestos, Jesus solapa mais uma vez as bases da ideologia da pureza, que delimitava a pertença ao povo judeu e excluía todos os demais, como os trabalhadores manuais, os doentes e os pecadores em geral. Gritando, Jesus abre os ouvidos e solta a língua daquele pagão, de modo que ele e seus amigos anônimos deixam a zona da exclusão e se tornam testemunhas de Jesus.

Para aquele homem, isso significa uma formidável mudança do status social. Aquilo que Jesus lutava para provocar nos seus discípulos torna-se possível com gente excluída: eles ouvem Jesus e testemunham abertamente o bem que ele faz sem olhar a quem. E o que Jesus faz e ensina deve ser normativo para quem o segue.

É terrivelmente perniciosa e anticristã a ideologia que afirma a supremacia do branco sobre os outros, do rico sobre o empobrecido, do homem sobre a mulher, do ocidente sobre o oriente, dos católicos sobre os protestantes. Não há como ser cristão e sustentar isso.

                                                                           

Meditação:

ü  Releia o texto, contemplando atentamente os gestos dos pagãos e de Jesus, mas também o que diz Jesus e o que dizem os pagãos

ü  Você acha que as pessoas e grupos excluídos tem o espaço que lhes é devido na Igreja e na sociedade?

ü  Será que muitos cristãos e comunidades sentem-se mais à vontade reproduzindo ideologias que separam que aderindo à escandalosa e provocadora liberdade inclusiva de Jesus?

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