quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

O Evangelho de Jesus Cristo em nossa vida (260)

260 | Ano B | Sexta-feira depois das Cinzas | Mateus 9,14-15

16/02/2024

No texto que meditamos na quarta-feira de cinzas Jesus já questionava a atitude que pode contaminar o jejum, a esmola e até a oração. E indicava a postura correta e capaz de manter o sentido profundo destas expressões de piedade. Hoje, depois de ser questionado pelos fariseus sobre seu desprezo do jejum, Jesus é interrogado pelos discípulos de João Batista sobre o mesmo tema: “Por que razão nós e os fariseus praticamos (muitos) jejuns, mas teus discípulos não?”

Este episódio do Evangelho, mesmo que pareça contradizer a recomendação da Igreja para o tempo da quaresma (jejum, oração e partilha), resgata o sentido original do jejum: romper com os mecanismos de dominação e de opressão, como ensina o profeta Isaías (cf. 58,1-9). É isso que Jesus faz e ensina: diversamente dos fariseus, ele acolhe e reintegra as pessoas oprimidas e marginalizadas à convivência social, proclamando sua dignidade.

No episódio que antecede o questionamento de hoje, Jesus chamara para junto de si um cobrador de impostos, terrivelmente odiado e desprezado pelos judeus; perdoou pessoas consideradas publicamente pecadoras; curou e reintegrou doentes. Para essa gente, o jejum que acompanha as situações dolorosas e a luta pelo reconhecimento da indignidade haviam chegado ao fim, e, diante de tamanha graça de Deus, não poderiam não festejar.

O ensino e as atitudes de Jesus desconcertam, mas, para ele, o jejum é luto, e a partilha à mesa é vida. Com Jesus e com o Reino de Deus, o clamor de dor se transforma em louvor e gratidão. Como “noivo” da Nova Aliança de Deus com seu povo, Jesus tem autoridade para relativizar ou mudar alguns preceitos, por mais sagrados que possam parecer.

Quando Jesus é “retirado” do meio de nós e volta a ser crucificado nos seus “irmãos mais pequeninos”, o jejum volta a fazer sentido: jejuaremos para que a festa da vida seja para todos; privar-nos-emos de algo para fazermo-nos dom, para partilhar, para lutar contra a opressão e pelo fim das guerras a partir de dentro de nós mesmos/as.

                                                                           

Meditação:

ü  Leia atentamente, palavra por palavra, estes dois versículos do evangelho segundo Mateus

ü  Se possível, leia também o episódio que antecede o trecho de hoje, a narração da refeição de Jesus na casa de Mateus (Mt 9,9-13)

ü  O que significa dizer que não podemos fazer jejum enquanto o noivo está conosco, mas somente quando ele nos for tirado?

ü  Por que o jejum encontra hoje tanta resistência entre nós, e qual seria o sentido aceitável e cristão do jejum?

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