sábado, 31 de agosto de 2024

Tudo nos é permitido quando o amor é a “cláusula pétrea” da nossa vida

Tudo nos é permitido quando o amor é a “cláusula pétrea” da nossa vida | 459 | 01.09;2024 | Marcos 7,1-23

O amor solidário de Deus, manifestado e atestado em Jesus Cristo, não muda jamais. E não muda também o amor como único caminho possível para construir outro mundo. Quando falamos em amor não estamos nos referindo a um vago sentimento interior, mas a um dinamismo envolvente, que encontra em Jesus sua máxima expressão e concretude: é o conjunto de atitudes de reconhecimento dos outros em sua dignidade, valorização da sua verdade e atendimento das suas necessidades.

É lamentável que inda hoje alguns cristãos priorizem a limpeza das toalhas e cálices, deem a máxima importância a panos e hábitos vistosos, mas pouco se importem com as atitudes anti-evangélicas que precisam ser combatidas. É esta a “lei” que os legistas e fariseus defendem diante da liberdade libertadora de Jesus e dos seus discípulos. “Por que os teus discípulos não seguem a tradição dos antigos, pois comem o pão sem lavar as mãos?” Eles não se interessam pela partilha dos pães e peixes, mas o fato de que os discípulos e todo o povo haviam comido sem lavar as mãos! Para eles, essa é a única tradição legítima e respeitável.

Também em nosso tempo, alguns costumes irrelevantes e hábitos perniciosos vão conquistando uma importância cada vez maior, e acabam sendo considerados vontade de Deus. Quanta discussão sobre se é permitido receber a hóstia na mão ou não, e quanta polêmica em torno da prática de chamar leigos e leigas para proclamar o Evangelho numa celebração eucarística! E sem falar na comunhão aos casais separados ou recasados, aos critérios para o batismo e para a escolha de padrinhos e madrinhas. São tradições humanas que ocupam o lugar da vontade de Deus!

Jesus estabelece um princípio universal e concreto para o discernimento de cada dia: “O que vem de fora e entra na pessoa não a torna impura; as coisas que saem de dentro da pessoa é que a tornam impura”. O que nos torna dignos ou indignos não é nossa condição social, nosso grau de estudo, nossos recursos e bens, nossa orientação sexual, nossa condição moral ou nossa pertença religiosa, mas as ações e decisões que tomamos, as relações que estabelecemos. “Pois é de dentro do coração das pessoas que saem as más intenções, como a imoralidade, roubos, crimes, adultério, ambições sem limites, maldades...”

 

Meditação:

·        Releia o texto, procurando entender bem as práticas dos doutores da lei e o que eles criticam em Jesus e seus discípulos, e o sentido da parábola

·        Procure compreender a crítica de Jesus aos escribas, e o exemplo de como eles esvaziam a Palavra de Deus

·        Você percebe também hoje a tentação de esvaziar a Palavra de Deus e substitui-la por interesses mesquinhos? Dê exemplos

·        Quais são os argumentos mais usados hoje para defender a superioridade de alguns povos (religiões, classes) sobre outros?

2 comentários:

Anônimo disse...

Mensagem linda que nos remete à uma profunda reflexão

França Nunes disse...

Bem esclarecedor.