Aquele 24 de fevereiro de 1840, um típico dia de inverno da região de Isère, conhecida como região das ‘terras frias’, foi especial para Pedro e Maria, que haviam celebrado o casamento há pouco mais de 10 meses: às 21h00 vinha à luz o amado e esperado filho primogênito, a quem dariam o nome de João Pedro.
Pedro Berthier era então um jovem ardoroso, ativo e parcimonioso que apenas havia completado 28 anos. Maria Putoud se caracterizava pela ternura e pour uma piedade firme e sincera, e alcançaria 20 anos no dia 24 de março. Assim, o pequeno João Pedro vinha ao mundo num ambiente no qual a força abraçava a ternura e a serenidade se unia ao sentido de urgência.
Na primeira hora da manhã do dia seguinte, acompanhado pelo cunhado Antônio Putoud e pelo vizinho José Rajon, o jovem Pedro Berthier foi até oficial de registro civil de Châtonnay para comunicar o fato. O oficial Lucien Jocteur Monrozier registrou que, por vontade do pai, o recém-nascido se chamaria João Pedro.
De fato, aquele menino herdaria de São João evangelista a ternura, a bondade envolvente, a caridade transbordante e uma atraente doçura. E de São Pedro apóstolo aprenderia o dinamismo e o entusiasmo para fazer a missão, a fé indomável e uma capacidade incrível de resistir às adversidades. Amor e zelo serão o pano de fundo de toda sua história. Como o discípulo amado, um dia ele tomaria Maria como sua mãe e viveria por ela e com ela, gravando na alma suas palavras: “Meu filho, comunique isso a todo o meu povo!” (cf. De Lombaerde, Un apôtre de nos jours, p. 26).
No dia 26, apenas dois dias depois do seu nascimento, o menino João Pedro foi acolhido pela comunidade paroquial de Châtonnay e batizado pelo Pe. Champon, o qual anotou no livro: “Aos 26 de fevereiro de 1840, batizei João Batista Berthier, filho legítimo de Pedro e de Maria Putoud. Os padrinhos foram João Motèere e Maria Berthier-Motère.”
Como pais cristãos que eram, Pedro e Maria se empenharam desde cedo para que o pequeno João Pedro e os filhos que nasceriam mais tarde recebessem o batismo e fossem educados na fé católica. Mais tarde João Berthier escreveria a propósito da missão educadora dos pais: “Para fazer um bom pão é necessário ter um bom fermento. O futuro das famílias e da própria sociedade depende do cuidado que os pais dispensam aos filhos.” E, no seu típico estilo que une ortodoxia e imagens curiosas, acrescenta: “Um filho batizado é um filho de Deus e um herdeiro do céu, ao qual seus pais devem conduzi-lo... A galinha não abandona seus pintinhos. O tigre esquece sua ferocidade diante dos filhotes. Mais que isso deve ser o amor dos pais pelos filhos.” (Le prêtre, vol. I, 7ª ed., p. 211; 213).
No trajeto que vai do ofício civil à igreja paroquial, o filho de Pedro e de Maria perdeu Pedro e recebeu Batista como segundo nome. Porém, esse segundo nome não aparecerá em nenhum ato oficial envolvendo João Berthier e jamais será empregado por ele mesmo. Ele assinará sempre e apenas João Berthier, e é justo e correto que assim o chamemos. Como o velho Zacarias dirrimindo dúvidas, proclamemos: “O nome dele é João” (Lc 1,63).
Fazendo memória do nascimento e batismo do Pe. João Berthier louvemos a Deus pelo incansável missionário que ele se tornou e pelo legado catequético e misssionário que nos deixou. Não sejamos omissos frente à missão de avivar e entregar à nossa geração o mandato missionário de Jesus Cristo. Ao mesmo tempo, mergulhemos no mistério de amor e providência que envolve nosso próprio nascimento e nas fontes do nosso batismo, extraindo deles a força fermentadora do Evangelho. Entrando no 170° ano do nascimento e do batismo do nosso Fundador saibamos ser criativos e não permitamos que este seja um tempo vazio e estéril.
Pe. Itacir Brassiani msf
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