domingo, 19 de fevereiro de 2012

Há 172 anos nascia o Pe. João Berthier


O século XVIII havia chegado ao seu fim com a fronte curvada diante o idolo ou ‘deusa Razão’ e os pés atolados no sangue dos padres e outras pessoas de bem. Desde o amanhecer do século XIX, exteriormente menos agitado mas interiormente tiranizado pelas mesmas paixões, 40 anos haviam se passado, alternando tempos de paz e tempos de luta, mas sob o sopro abrasador e ameaçador da independência, da insubmissão e da incredulidade.
Depois da queda de Napoleão a França, filha predileta da Igreja, havia visto sucederem-se no trono de São Luís o rei Luis XVIII (1814-1824), Carlos X (1824-1830) e, enfim, Luis Felipe, Duque de Orleães que, sendo oficial geral do reino, foi proclamado rei dos franceses em 1830. Era a chamada ‘monarquia juliana’, caracterizada por uma atitude ao mesmo tempo bondosa e hostil para com a Igreja, e que se estenderia por 18 anos. É sob este reino que nasceria João Berthier.
Era o ano de 1840, dominado pela luta pela liberdade de ensino, sustentada com zelo e eloquência por Dupanloup, Veuillot e Montalembert; tempo em que, noutro cenário, brilhava com todo seu esplendor o humilde João Maria Vianney; o mesmo ano em que, numa pequena vila da Bretanha, chamada S. Servan, próxima de S. Malo, um pobre vigário (Pe. Lepailleur) lançava os fundamentos da Congregação das Pequenas Irmãs dos Pobres, que hoje se espalham por todo o mundo; ano em que, em Neuville, o Pe. Libermann fundava os Missionários do Sagrado Coração de Maria; enfim, o ano em que, longe de sua pátria, um filho da França, o Beato Gabriel Perboyre, derramava seu sangue pela causa de Cristo...
Foi neste ano imortalizado por tantos fatos gloriosos que nasceu o Pe. João Berthier, aos 24 de fevereiro de 1840, em Châtonnay, pequena vila de 1800 habitantes, no departamento de Isère, França. Seus pais se chamavam Pedro Berthier, nascido aos 13 de fevereiro de 1812, e Maria Putoud, nascida aos 24 de março de 1820. Por ocasião do casamento Pedro tinha 27 anos e um caráter ardente, ativo e parcimonioso. Maria, oito anos mais jovem que ele, se caracterizava pela ternura e pela compaixão, e levou como dote de casamento uma piedade sincera e convicta que, unida à fé robusta de Pedro, faria do novo lar um modelo para os lares cristãos: uma mistura de força e de ternura, de atividade e de serenidade. Amando-se sinceramente um ao outro, Pedro e Maria dirigiam a Deus sua afeição, dando a ele o primeiro e o mais importante lugar na sua vida. (Júlio Maria de Lombaerde, Un Apôtre de nos jours, 1910, p. 23-24)

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