A obsessão pela
sexualidade
Assim como no tempo de Jesus, a marginalização moral
continua estreitamente vinculada à sexualidade. A diversidade de atitudes,
explicações e práticas em torno deste tema não admite neutralidade nem pode ser
ocultada. Existem inumeráveis formas de abordagem.
De fato, a sexualidade é uma das dimensões que mais se
presta à instrumentalização para fins políticos, ideológicos, econômicos e
religiosos. Na moral católica, o campo da sexualidade foi invadido por uma
série de tabus, intolerâncias e interditos pautados por um rigorismo
exacerbado. Durante séculos, o catolicismo foi caldo de antissexualismo moralizante,
motivado por pretensas razões teológicas.
Atualmente, a sexualidade continua sendo o calcanhar
de Aquiles da moral vatólica. Existe uma certa obsessão por tudo o que se
refere à sexualidade e ao sexto mandamento. Como comprova a história do
cristianismo, os pecados sexuais geralmente são definidos com termos
ameaçadores (abomináveis, inomináveis). Já os pecados sociais (reter o salário
do trabalhador, desviar a verba da saúde, por exemplo) costumam ser tratados
com certa tolerância. Ora, os pecados
sociais seriam menos graves que os pecados sexuais? Não estaríamos engolindo
camelos e filtrando mosquitos?
A religião tem uma força considerável na formação das
idéias e na moldagem dos comportamentos, sobretudo no campo da sexualidade.
Precisamos nos convencer da urgência de desdramatizar e corrigir a visão
distorcida com tudo o que se relaciona com o sexo. Jesus trata a condição
humana, da qual a sexualidade faz parte, com liberdade.
Pe. Elio Gasda SJ
(CRB, A paixão e
o reino em tempos complexos, 2011, p. 99-100)
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