sábado, 6 de setembro de 2014

A dança de Deus

Um Deus dançarino

Vi Deus dançando.
Me assustei com tamanha visão,
pois haviam me falado que Deus era triste,
pálido e imóvel.

Ao ver a própria imensidão
mergulhada nos embalos dançantes,
conclui que Deus não é triste,
aliás, fizeram-no triste.
Sua boca era toda sorriso, gargalhadas, anedotas.

Como Deus é engraçado,
Como ri do que dizem Dele.
Como era bonito vê-lo consumido
em tamanha alegria, sem tantas regalias,
Apenas música e passos ousados.

De repente, houve um motim no salão,
Um barulho aterrador de pura maldade e hipocrisia,
Não entendia o porquê de tamanho alvoroço.
Logo percebi que haviam pegado Deus,
amarram os seus pés , amordaçaram o seu sorriso e torturaram-no até a morte.

As vozes dos torturadores da vida gritavam:
“Como pode um Deus dançar?
Queremos a volta do Deus triste,
Ele não pode ser alegre!”

Fiquei atônito com tamanhas navalhas
em forma de frases que cortavam o elo entre o divino e a vida.

Após a morte do Deus alegre,
Esconderam seu corpo e apagaram os seus escritos.
Agora, dizem que Ele é triste e não sorri.
Desde então, as palavras acerca Dele encarceram-no.
E eu, não posso acreditar em um Deus que não sorri.


Paulo Henrique

Nenhum comentário: