URGÊNCIA
E EQUILÍBRIO
O Brasil está precisando sair, urgentemente, da crise em que
se encontra. Ela atingiu um nível perigoso, que pede equilíbrio e
responsabilidade de todos, para que se evite, em absoluto, o risco de uma
convulsão social, que pode degenerar para a desordem e para a violência, com
graves consequências para toda a nação.
A hora é de grandeza de ânimo e de disposição para o
diálogo, e não para retaliações e represálias mesquinhas e irresponsáveis.
A gravidade da crise pede um novo patamar de entendimento
político, que garanta a possibilidade de um consenso maior, que resulte num
projeto de enfrentamento global dos problemas gerados pela crise generalizada
em que o país se vê envolvido.
Para chegarmos rapidamente a este novo consenso, se requer,
indiscutivelmente, o respeito à ordem constitucional, que se torna tanto mais
necessária quanto mais grave for a situação.
As normas constitucionais são referência indispensável, para
se ter um ponto de partida firme e seguro para todos.
O respeito absoluto à constituição leva ao fulcro da crise
política em que o país foi mergulhado.
É evidente e inequívoco que a crise política foi agudizada
pela instauração do processo de impeachment,
hora em tramitação no Congresso Nacional.
Com clareza e lealdade, é preciso constatar que este
processo tem um equívoco de origem, que o torna espúrio e perverso.
Pois ele foi introduzido como instrumento de represália contra o Executivo
por parte do Presidente da Câmara Federal, que usou do seu cargo para
proteger interesses pessoais.
Além desta origem espúria, que por só já seria suficiente
para sua rejeição, o processo de impeachment não tem consistência objetiva. Pois não existe
o que a Constituição pede para estes casos, isto é, que tenha havido
delitos graves e claros por parte do governante. As acusações são
inconsistentes.
Agora, criado o impasse, cabe ao Congresso Nacional
encaminhar a sua solução. Para que se saia rapidamente deste atoleiro político
em que a nação foi lançada de maneira irresponsável, o Congresso tem os
instrumentos em suas mãos.
A solução mais rápida, e recomendável, é que a
própria Comissão criada para analisar o pedido de impeachment o rejeite, e o
elimine de vez, para deixar o campo livre para os urgentes
entendimentos para a definição de um amplo e generoso conjunto de medidas para
o adequado enfrentamento desta crise, que ameaça o futuro do país.
O caminho constitucional está traçado. Cabe a cada um de nós, mas
sobretudo aos detentores dos Poderes Públicos, agir com lealdade e nobreza de
ânimo, para o bem do povo brasileiro.
A crise traz os graves riscos que a acompanham. Mas oferece
a oportunidade de deixar para a história o testemunho patriótico de nossa
geração.
A hora é agora. O Brasil precisa de nossa participação
lúcida e responsável.
Dom Demétrio Valentini – Bispo Emérito de Jales
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