quarta-feira, 16 de agosto de 2017

O Evangelho dominical - 20.08.2017

JESUS É DE TODOS

Uma mulher pagã toma a iniciativa de se aproximar de Jesus, apesar de não pertencer ao povo judeu. É uma mãe angustiada que vive a sofrer com uma filha «maltratada por um demônio». Sai ao encontro de Jesus dando gritos: «Tem compaixão de mim, Senhor, Filho de Davi!»
A primeira reação de Jesus é inesperada. Nem sequer se detém para a escutar. Ainda não chegara a hora de levar a Boa Nova de Deus aos pagãos. Como a mulher insiste, Jesus justifica a sua atitude: «Deus enviou-Me apenas para as ovelhas perdidas do povo de Israel».
A mulher não recua. Superará todas as dificuldades e resistências. Num gesto audacioso, prostra-se ante Jesus, detém a Sua marcha e, de joelhos, com um coração humilde, mas firme, dirige-lhe um só grito: «Senhor, socorre-me!»
A resposta de Jesus é insólita. Apesar de nessa época os judeus chamarem com toda a naturalidade os pagãos  de «cães», as suas palavras resultam ofensivas aos nossos ouvidos: «Não está bem deitar aos cachorros o pão dos filhos». Retomando a Sua imagem de forma inteligente, a mulher atreve-se a partir do chão a corrigir Jesus: «Isso é certo, Senhor, mas também os cachorros comem as migalhas que caem da mesa dos amos».
A sua fé é admirável. Seguramente que na mesa do Pai todos podem se alimentar: os filhos de Israel e também os «cães» pagãos. Jesus parece pensar apenas nas «ovelhas perdidas» de Israel, mas também ela é uma «ovelha perdida». O Enviado de Deus não pode ser só dos judeus. Há de ser de todos e para todos.
Jesus rende-se ante a fé da mulher. A sua resposta revela-nos a sua humildade e a sua grandeza: «Mulher, que grande é a tua fé! Que se cumpra como desejas». Esta mulher mostra a Jesus que a misericórdia de Deus não exclui ninguém. O Pai bom está por cima das barreiras étnicas e religiosas que os humanos criam.
Jesus reconhece a mulher como crente, apesar de viver uma religião pagã. Inclusive encontra nela uma «fé grande», não a fé pequena dos Seus discípulos, a quem recrimina mais de uma vez como «homens de pouca fé».
Qualquer ser humano pode recorrer a Jesus com confiança. Ele sabe reconhecer a sua fé, apesar de viver fora da Igreja. Todos poderão encontrar Nele um Amigo e um Mestre de vida.
Os cristãos, temos de nos alegrar de que Jesus continue a atrair hoje a tantas pessoas que vivem fora da Igreja. Jesus é maior que todas as nossas instituições. Ele continua a fazer muito o bem, inclusive àqueles que se têm afastado das nossas comunidades cristãs.
José Antonio Pagola

Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez

Nenhum comentário: