Quem ouve Jesus não pode ficar indiferente
855 | 03 de outubro de 2025 | Lucas 10,13-16
No
episódio do envio dos 72 discípulos, cena imediatamente anterior à que hoje nos
ocupa, Jesus nos apresentava uma espécie de cartilha ou guia da ação missionária.
Desde o início ele deixa claro que rejeição e a perseguição estão no horizonte.
A casa é o ponto de apoio da missão, e a pobreza de recursos não é uma
dificuldade, mas a garantia da autenticidade do anúncio. Na vida dos discípulos
missionários não há lugar para qualquer reação violenta.
Os versículos que
meditamos hoje prosseguem o tema anterior. Betsaida é a cidade de origem de
alguns discípulos e discípulas de Jesus. Cafarnaum havia sido escolhida por
Jesus para ser a cidade referencial de onde partia em missão e para onde
voltava com seus discípulos mais próximos. Estes dois pequenos povoados tiveram
a oportunidade de ver de perto a ação libertadora e formativa de Jesus. Conhecem
ele e o estilo de vida dos seus discípulos não apenas por ouvir dizer.
É por isso que, mesmo
não autorizando seus discípulos a fazer mais que bater o pó das sandálias
quando suas pregações fossem rejeitadas, Jesus pronuncia palavras duras contra
estas duas cidades. Entretanto, estas palavras não são, como parece à primeira
vista, uma condenação taxativa ou uma ameaça vingativa, mas um contundente
apelo à acolhida e à conversão ao Evangelho. Ele não veio para julgar e
condenar, mas para que o mundo seja salvo.
Jesus compara a
postura fechada destes três povoados àquilo que ocorrera em dois outros
povoados, considerados inimigos típicos do povo de Israel: Tiro e Sidônia. E
afirma que se estas duas últimas povoações tivessem a oportunidade de ver e
ouvir o que as cidades de Cafarnaum, Corazim e Betsaida viram e ouviram, teriam
se convertido e acolhido o anúncio profético do Reino de Deus. Os povos que os
judeus consideram seus arqui-inimigos são melhores que eles, diz Jesus!
Este contundente apelo à acolhida e à
conversão termina com uma afirmação teológica, pastoral e espiritual: Jesus
está presente na pessoa e na ação daqueles que ele envia, assim como o Pai está
presente nele. Acolhê-los ou rejeitá-los, escutar e levar a sério o que eles
dizem ou manter-se indiferente ou com “sua própria versão das coisas” é a “prova
dos nove” da justiça e da santidade.
Sugestões para a
meditação
§ Releia
atentamente o texto, retomando também os versículos que o antecedem e escutando
atentamente as fortes palavras de Jesus
§ Não caia na
tentação de imaginar que as advertências de Jesus são dirigidas a outras
pessoas, cidades e comunidades
§ Você
sente-se atingido pelas palavras de Jesus, interpelado a não fazer pouco caso
do Evangelho e das suas testemunhas?
§ Você vê
algum sinal indicativo de que estamos correndo o risco de reproduzir na Igreja
a atitude do povo de Cafarnaum e Corazim?
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