Maria indica o
raio de luz presente na escuridão
864 | 12 de outubro de 2025 | João 2,1-11
Este casamento narrado por
João é um entre as tantas bodass que aconteciam no tempo de Jesus, e Caná é um
lugar insignificante. Mas Jesus, seus discípulos, seus parentes e sua mãe
estavam lá, e isso confere notável importância à cena e ao lugar. Na festa tudo
anda dento do previsto até que a mãe de Jesus percebe a carência que ninguém
percebia, e avisa o filho. Seu olhar é justo e adequado, e não manifesta
desprezo, ironia ou crítica aos organizadores da festa.
Notar que o vinho acabou
significa perceber a esterilidade da velha aliança e o esgotamento da força
salvadora do templo. A crise entre o povo e o Deus do templo chegara ao seu
ápice. Na observação de Maria ressoa a voz desolada de um povo inteiro que
percebe que a alegria da aliança está se exaurindo e as lideranças religiosas
do judaísmo não se dão conta. Respondendo à mãe com o substantivo “mulher”,
Jesus parece não dar importância pública aos laços de parentesco.
Maria é uma mulher totalmente
seduzida pelo mistério de Deus e pela novidade revolucionária do seu Reino. A
ele e à sua vontade havia dado seu consentimento quando da anunciação do anjo
Gabriel. Ela nos ensina que, para ser discípulo de Jesus, é necessário aderir a
ele, aprender com ele, e fazer o que ele pede. É preciso passar da nossa
vontade limitada e mesquinha à vontade de Deus, ampla e inclusiva, e permitir
que nossa vida seja radicalmente transformada.
Atendendo à sugestão da mãe,
Jesus lança mão de seis jarras de pedra (imagem que nos remete à Lei e aos seis
dias da criação), mas ele mesmo aparentemente não faz nada. São os serventes que
fazem sem demora e sem questionamentos o que Jesus pede, e a água acaba
misteriosamente transformada em vinho. Nesse acontecimento, Jesus se revela
como o verdadeiro noivo, e é a humanidade inteira que se beneficia das antigas
promessas. Em Jesus, Deus faz uma aliança nova e indestrutível com a humanidade
e comunica a ela a vida abundante.
Maria
é mediadora desse milagre que garante a continuidade da festa da vida. Esse
papel mediador de Maria é confirmado em todas as suas manifestações
reconhecidas pela Igreja. Assumindo a pele negra dos africanos escravizados no
Brasil de ontem, e dos excluídos do Brasil de hoje, Maria proclama,
eloquentemente a dignidade deles. E ainda hoje convoca o povo brasileiro a se
unir em torno da defesa das pessoas e grupos sociais marginalizados ou
abandonados nas encruzilhadas do progresso.
Sugestões para a
meditação
§ O que Maria
disse silenciosamente ao Brasil que escravizava os negros quando encontraram
sua imagem de cor negra?
§ O que Maria
está dizendo hoje, quando a indiferença, intolerância e a violência contra
negros, indígenas, migrantes e outras minorias reaparecem ameaçadoras?
§ Daquilo que
Jesus fez e pede que façamos, o que é indispensável para resgatar a dignidade
dos marginalizados e oprimidos?
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