sábado, 4 de outubro de 2025

Fé, ação e gratuidade

A fé nos ilumina e move na busca de soluções

857 | 05 de outubro de 2025 | Lucas 17,5-10

Os apóstolos estavam absolutamente desconcertados diante daquilo que Jesus lhes ensinava e pedia através das parábolas da ovelha perdida, da moeda extraviada, do filho empobrecido, do administrador despedido e do rico egoísta e esbanjador. Eles se dão conta do quanto a fé deles é insuficiente e inadequada. Parece que fizeram as contas e perceberam que, com seus poucos soldados, não podem enfrentar a parada.

Assustados com aquilo que Jesus ensina e faz, os discípulos pedem que ele venha em socorro deles e aumente a pouca fé. Depois de ilustrar a força (e não a quantidade) da fé, Jesus apresenta a metáfora da semente de mostarda e conta a parábola de hoje. A história é muito verossímil, pois trata de uma experiência amplamente conhecida e tolerada no mundo escravagista antigo: o escravo deve tudo ao seu dono, e não pode reivindicar nenhum direito.

Jesus não elogia o patrão, nem compara Deus com um proprietário de escravos. O foco da parábola é a atitude de serviço e gratuidade que deve caracterizar todas as dimensões da vida dos discípulos. A fé é obediência e serviço ativo e desinteressado, sem a pretensão de cobrar vantagens, dividendos e méritos. A fé nos faz incansáveis no serviço aos outros, não significa apenas esperar um milagre.

Assim foi Jesus, e ele espera que sejamos assim também nós, seus discípulos e discípulas. O Concílio Vaticano II já dizia que a fé ilumina a nossa inteligência para que sejamos capazes de encontrar soluções concretas para os problemas humanos concretos. A fé não pode ser reduzida à aceitação resignada de uma doutrina, ou à esperança desesperada que Deus poderá fazer um milagre.

É verdade que há situações para as quais não visualizamos nenhuma solução, e diante delas nos sentimos impotentes e derrotados. Nesses casos, depois de tentar tudo, podemos dizer: “Fizemos o que devíamos fazer. Somos dispensáveis!” E continuar a busca de sentido para viver e forças para continuar a lutar.

Amoreiras e barreiras que impedem a construção de um mundo fraterno não faltam. Talvez falte uma fé com a força da semente de mostarda, aquela consciência de que um outro mundo é possível, e de que o tesouro do reino de Deus vale todo risco.

 

Sugestões para a meditação

§ Leia e releia a cena e a parábola, meditando sobre ela, sem levar em conta o horizonte escravagista da história

§ Nossa fé tem nos ajudado a olhar a realidade humana e buscar soluções humanas para os problemas humanos?

§ Como você se sente quando, depois de ter feito tudo o que era possível, não conseguiu bons resultados, nem reconhecimento?

§ Você não acha que às vezes caímos na tentação de exigir méritos, créditos e benefícios de Deus pela vivência da fé?

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