A fé nos ilumina
e move na busca de soluções
857 | 05 de outubro de 2025 | Lucas 17,5-10
Os apóstolos
estavam absolutamente desconcertados diante daquilo que Jesus lhes ensinava e
pedia através das parábolas da ovelha perdida, da moeda extraviada, do filho
empobrecido, do administrador despedido e do rico egoísta e esbanjador. Eles se
dão conta do quanto a fé deles é insuficiente e inadequada. Parece que fizeram
as contas e perceberam que, com seus poucos soldados, não podem enfrentar a
parada.
Assustados com aquilo que Jesus
ensina e faz, os discípulos pedem que ele venha em socorro deles e aumente a
pouca fé. Depois de ilustrar a força (e não a quantidade) da fé, Jesus apresenta
a metáfora da semente de mostarda e conta a parábola de hoje. A história é
muito verossímil, pois trata de uma experiência amplamente conhecida e tolerada
no mundo escravagista antigo: o escravo deve tudo ao seu dono, e não pode
reivindicar nenhum direito.
Jesus não elogia o patrão, nem
compara Deus com um proprietário de escravos. O foco da parábola é a atitude de
serviço e gratuidade que deve caracterizar todas as dimensões da vida dos
discípulos. A fé é obediência e serviço ativo e desinteressado, sem a pretensão
de cobrar vantagens, dividendos e méritos. A fé nos faz incansáveis no serviço
aos outros, não significa apenas esperar um milagre.
Assim foi Jesus, e ele espera que
sejamos assim também nós, seus discípulos e discípulas. O Concílio Vaticano II
já dizia que a fé ilumina a nossa inteligência para que sejamos capazes de encontrar
soluções concretas para os problemas humanos concretos. A fé não pode ser
reduzida à aceitação resignada de uma doutrina, ou à esperança desesperada que
Deus poderá fazer um milagre.
É verdade que há situações para as
quais não visualizamos nenhuma solução, e diante delas nos sentimos impotentes
e derrotados. Nesses casos, depois de tentar tudo, podemos dizer: “Fizemos o
que devíamos fazer. Somos dispensáveis!” E continuar a busca de sentido para
viver e forças para continuar a lutar.
Amoreiras
e barreiras que impedem a construção de um mundo fraterno não faltam. Talvez
falte uma fé com a força da semente de mostarda, aquela consciência de que um
outro mundo é possível, e de que o tesouro do reino de Deus vale todo risco.
Sugestões para a
meditação
§ Leia e
releia a cena e a parábola, meditando sobre ela, sem levar em conta o horizonte
escravagista da história
§ Nossa fé tem
nos ajudado a olhar a realidade humana e buscar soluções humanas para os
problemas humanos?
§ Como você se
sente quando, depois de ter feito tudo o que era possível, não conseguiu bons
resultados, nem reconhecimento?
§ Você não
acha que às vezes caímos na tentação de exigir méritos, créditos e benefícios
de Deus pela vivência da fé?
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