É para sermos
livres que Jesus nos libertou!
862 | 10 de outubro de 2025 | Lucas 11,15-26
O
foco deste trecho do evangelho segundo Lucas, que está inserido na caminhada
decisiva de Jesus a Jerusalém, não é, como pode parecer à primeira vista, uma
discussão sobre o exorcismo. O texto sequer descreve a expulsão de demônios. Na
verdade, o debate gira em torno da identidade de Jesus e em nome de quem – ou
com o dedo de quem – ele combate elimina as forças do mal (simbolizadas no
demônio) e inaugura um tempo de justiça e paz.
Nesta cena, os
adversários de Jesus propriamente não contestam sua ação libertadora, mas dizem
que aquilo que ele faz não passa de “magia negra” ou de conluio com Satanás, e
pedem-lhe um sinal espetacular que seja capaz de convencê-los de que ele vem e
age efetivamente em nome de Deus. Para Jesus, as ações que libertam e
reconstroem pessoas dominadas e oprimidas são sua credencial, são eloquentes
sinais do “dedo de Deus”, da irrupção do seu Reino de Deus.
Diante de
interlocutores divididos em dois grupos – o povo, que fica maravilhado com o
que faz Jesus, e os líderes do judaísmo que o acusam de agir como mediador do
diabo – Jesus desenvolve sua autodefesa. Ele afirma que são exatamente as suas
ações emancipadoras que o credenciam, e convoca os próprios exorcistas judeus a
julgar aqueles que questionam suas ações. Jesus não fez aliança com Satanás,
mas é mais forte que ele, e o derrotou definitivamente.
Para ilustrar ou
exemplificar o que afirma, Jesus recorre a duas pequenas parábolas: um povo (um
reino ou uma família) internamente dividido, e um chefe doméstico dominado e
expulso de sua casa por alguém mais forte que ele. O homem mais forte, que
vence o senhor da dominação, é Jesus. Ele libertou a família humana do domínio
do mal. Diante dele não há neutralidade: ou estamos com ele, ou agimos contra
ele. Jesus não é agente ou executivo de satanás, pois se assim fosse, Satanás
estaria agindo contra si mesmo e cavando sua própria ruína.
Por fim, Jesus adverte tanto os judeus que se dizem libertos e
salvos pela lei como as pessoas que foram libertadas por ele mesmo do demônio.
Ele sublinha que não basta ser curado, é preciso ir além, entrar no dinamismo
do Reino de Deus e perseverar nele. Caso contrário, quem se
considera uma pessoa de “consciência limpa” ou totalmente libertada em Jesus
Cristo, pode ser vítima dos próprios caprichos e interesses, e ver-se dominada
por desejos contraditórios.
Sugestões para a meditação
§ Releia
atentamente o texto, observando os detalhes e nuances da discussão sobre as
credenciais messiânicas de Jesus
§ Você é capaz
de ver nas ações de Jesus, mesmo pequenas, os sinais do Reino de Deus, ou
espera apenas grandes milagres?
§ O que você
faz para evitar que sua vida, liberta e limpa por Jesus e seu Evangelho, seja
de novo ocupada pelo egoísmo?
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