O Reino de Deus é revelado aos humildes
856 | 04 de outubro de 2025 | Lucas 10,17-24
Ao
enviar os 72 discípulos para uma espécie de “estágio missionário”, Jesus havia
insistido sobre o despojamento e a confiança, e havia também falado claramente
que a rejeição e a perseguição estariam na agenda dos seus enviados. Mas eles
voltam e contam entusiasmados o sucesso da pequena aventura missionária e
mostram-se deslumbrados com o poder que pensam ter sobre os espíritos maus.
Jesus joga “um balde
de água fria” no fogo desse entusiasmo e desloca o foco dos motivos de alegria
dos discípulos missionários. Está claro que a questão da derrota dos espíritos
maus é relevante, pois significa o bloqueio e a anulação da resistência contra
a novidade do Reino de Deus. Nessa perspectiva, a missão dos discípulos faz
parte da derrota do mal e do restabelecimento da justiça. Quando Jesus diz que
viu Satanás caindo, assinala claramente o fim do poder que ele tem sobre as
pessoas e organizações e estruturas sociais.
Entretanto, para
Jesus, a alegria dos seus discípulos missionários não deve estar nos fatos
grandiosos e empolgantes que realizam, nas experiências de poder que fazem, mas
no serviço eficaz ao Reino de Deus, na experiência de serem servidores e
enviados dele, de serem mediadores da ação libertadora de Deus em favor dos
oprimidos. Esta alegria claramente não vem do prestígio nem dos privilégios,
mas da participação eficaz e generosa na missão de Jesus.
Depois de mais esta
lição na escola de formação dos seus discípulos missionários, Jesus irrompe
numa oração de júbilo e gratidão, na qual convida seus enviados a perceberem
que eles fazem parte do coração ou do vértice da história da salvação: através
deles se realiza aquilo que tantos crentes esperaram. Na inacreditável força da
fraqueza está o coração da revelação cristã! Apesar da prepotência dos grandes,
e por causa da fraqueza dos pequenos, o Reino de Deus vai abrindo caminho.
Jesus louva o Pai por dois motivos: porque Deus se revela aos
pequenos e humildes, e mostra sua força exatamente na fraqueza deles; porque
ele se esconde daqueles que se consideram sábios e entendidos, e não conta com
eles como seus mediadores prioritários. Como Jesus está longe de tantos que
hoje se apresentam como seus enviados, e gostam de contabilizar moedas, poderes
e milagres...
Sugestões para a
meditação
§ Releia
atentamente os versículos deste trecho do evangelho, perceba o entusiasmo
infantil dos “estagiários na missão”
§ Acolha com
atenção e serenidade de um discípulo a lição de Jesus sobre a verdadeira
alegria, e procure vê-la estampada na vida e no rosto de São Francisco de Assis
§ Você já
sentiu entusiasmo diante do sucesso pastoral, imaginando que isso era
unicamente mérito seu?
§ Como ajudar
os evangelizadores a superar a tentação de valorizar apenas os grandes
acontecimentos e os “evangelizadores” que fazem sucesso e tem poder?
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