Não desprezemos nenhum dos pequenos ou pobres!
854 | 02 de outubro de 2025 | Mateus 18,1-5.10
No capítulo 18 a 20 do seu evangelho, Mateus nos
oferece diversas catequeses formativas dedicadas por Jesus aos seus discípulos,
a caminho para Jerusalém. São orientações fundamentais para que a comunidade
cristã viva um estilo de vida alternativo e profético, testemunhando assim a
força transformadora do Evangelho. E isso é importante, pois não basta anunciar
o Reino de Deus; é preciso antecipá-lo.
A tentação do elitismo e do autoritarismo rondam a
comunidade dos discípulos de Jesus desde sempre. A pergunta sobre quem é o
maior no Reino de Deus o demonstra, e a resposta de Jesus quer cortá-la pela
raiz. Para ilustrar a virada radical do Reino, Jesus ilustra seu ensino tomando
a figura da criança como símbolo. Na festa de hoje, é importante prestar
atenção na relação dos anjos com as crianças.
Aqui, a criança não aponta para a inocência, tão ao
gosto da modernidade burguesa, mas para sua condição social de fragilidade,
insignificância e marginalidade. Para Jesus, elas são o retrato perfeito da
comunidade cristã, que nasce para viver nas margens e ensaiar uma vida
alternativa ao judaísmo e ao império romano. E a ideia do anjo da guarda vem,
de alguma forma, confirmar o cuidado de Deus por ela. Ele nos envia como anjos
para ir à frente e guardar as pessoas vulneráveis.
Esse estilo de vida é contracorrente, precisa ser
aprendido e exercitado, pois é exigente. Como as crianças, os discípulos de
Jesus são preciosos aos seus olhos, são importantes por serem pequenos, e as
autoridades cristãs tem o dever de protege-los. Eles podem se perder, e se
tornar mais frágeis ainda. O próprio Deus toma conta dos seus pequenos, como
nos atesta a figura do Anjo da Guarda. E essa atitude misericordiosa de Deus
compromete os discípulos de Jesus, e a própria Igreja que nasce do seu lado
aberto, a fazer o mesmo, em nome dele.
O Pai não quer que nenhum deles se perca, e a comunidade deve assumir
esse cuidado em nome de Deus. Por sua vez, os discípulos devem confiar totalmente
na acolhida que o Pai suscita nas pessoas e povos aos quais forem enviados. Não
somos grandes ou importantes pela origem, pela riqueza, pela educação, pela
profissão, função ou pelo poder que exercemos, mas porque somos filhos amados
do Pai e portadores do tesouro do Reino.
Sugestões para a
meditação
·
Que tipo de
vínculos, apegos e medos limitam sua entrega incondicional à vida nova
inaugurada por Jesus e o Reino?
·
O que Jesus diria
respondendo às suas objeções e justificativas?
·
Que iniciativas e
passos você poderia dar para se tornar um discípulo cada vez mais maduro e
generoso de Jesus?
§
O que poderíamos
fazer para que nossas comunidades não se contentam em ser cumpridores de
preceitos e não querem romper com valores e velhas práticas que mais escondem
que testemunham o Reino de Deus?
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