sábado, 13 de outubro de 2012

100 anos de Vinicius de Moraes

Vinicius

Vivendo Vinicius de Moraes

A Embaixada do Brasil no Vaticano promoveu em Roma ontem, dia de Nossa Senhora Aparecida, um evento artístico em homenagem ao centenário do nascimento de Vinícius de Moraes. A apresentação faz parte do projeto " Homenagem a Vinícius", que pretende contar em um show de MPB o percurso de Vinicius por meio de suas músicas e das diferentes parcerias feitas ao longo de sua vida. Participam do projeto Miúcha e Georgiana de Moraes.

As comemorações começaram com uma missa solene, celebrada na capela do Colégio Pio Brasileiro, presidida pelo Cardeal Presidente da CNBB, Dom Damasceno de Assis. Entre os mais de 400 participantes, a maioria padres e religiosos/as brasileiros/as que vivem em Roma, estavam Dom Serafim Fernandes, arcebispo emérito de Belo Horizonte e um dos 70 participantes do Concílio Vaticano II que ainda vivem, os embaixadores do Brasil no Vaticano e e na Itália, o presidente da FAO e vários embaixadores convidados.

Miucha
Seguiu-se o show, simplesmente maravilhoso. Miúcha (filha de Sérgio Buarque de Holanda, irmã do Chico Burque e ex-companheira de João Gilberto) e Georgiana de Moraes (filha do primeiro dos nove casamentos do Vinicius de Moraes) interpretaram divinamente o amigo e pai, com direito à recitação de alguns trechos de suas poesias. Fizeram parte do programa algumas das composições e parcerias mais consagradas de Vinicius: A felicidade, Gente humilde, Samba do Avião, Pela luz dos olhos teus, Eu sei que vou te amar, São Francisco, Chega de saudade, Samba de Orly...

Depois do aplaudidíssimo concerto, a Embaixada do Brasil no Vaticano ofereceu a todos os presentes um gostoso lanche. A verdade é que, apesar da hora estar avançada e de o gênero musical (bossa nova) não ser exatamente popular, depois de um espetáculo tão romântico e cordial, animado pela simpatia e pela simplicidade das duas intérpretes, a fome havia quase deaparecido.

Georgiana
Voltei pra casa recordando os brasileiros que, como Chico Buarque, foram exilados por ousarem dar voz e musicalidade àquilo que os ditadores e patrões não gostavam de ouvir. (Durante o exílio em Roma, Chico Buarque vinha ao Pio Brasileiro para jogar futebol...) E veio-me à mente o registro histórico-poético que o Eduardo Galeano faz a respeito do Chico.

1974, Rio de Janeiro. Esta ditadura machuca as pessoas e ofende a música. Chico Buarque, feito de musica e de gente, canta contra o poder. De cada três canções, a censura proíbe ou mutila duas. Dia sim e outro também, a polícia política o submete a longos interrogatórios. Na entrada, revistam suas roupas. Na saída, Chico revista seus interiores, para ver se a polícia não lhe meteu um censor na alma ou não apreendeu sua alegria num momento de distração.” (O século do vento, L&PM, Porto Alegre, 2010, p. 296).

Um comentário:

rita maria de faria corrêa andreatta disse...

Lindissimo, parabéns pela clareza do texto em noite de música e poesia!