Em 1937, no dia 4 de maio, morreu Noel Rosa, aos vinte
e seis anos de vida. Esse músico da noite do Rio de Janeiro, que em vida só
conheceu a praia por fotografias, escreveu e cantou sambas nos bares da cidade
que os canta até hoje. (...)
Em 1932, Noel Rosa gravou o samba Quem dá mais?, abreviada história de um país que tinha sido posto
em leilão: “Quanto é que vai ganhar o leiloeiro / que é também brasileiro / e
em três lotes vendeu o Brasil inteiro?”
E pouco depois Enrique Santos Discépolo retratou, em
seu tango Cambalache, o tempo da
infâmia na Argentina: “Hoje acaba que dá no mesmo / ser direito ou traidor, /
ignorante, sábio, ladrão, / generoso, enganador. / Dá-lhe que dá-lhe, dá-lhe
que vai...”
(Eduardo Galeano, Os filhos dos dias, L&PM, 2012,
p. 150-151)
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