quinta-feira, 11 de março de 2021

O Evangelho dominical (Pagola) - 14.03.2021

DEUS AMA O MUNDO!

Esta não é uma frase a mais, palavras que poderiam ser eliminadas do Evangelho sem que nada de importante mudasse. É uma afirmação que capta o núcleo essencial da fé cristã. «Tanto amou Deus o mundo que entregou o seu Filho único». Este amor de Deus é a origem e o fundamento da nossa esperança.

“Deus ama o mundo”. Ama-o tal como é: inacabado e incerto. Cheio de conflitos e contradições. Capaz do melhor e do pior. Este mundo não segue o seu caminho sozinho, perdido e desamparado. Deus envolve-o com o Seu amor por todos os lados. Isto tem consequências muito importantes.

Primeiro: Jesus é, antes de mais nada, o “presente” que Deus deu ao mundo, e não só aos cristãos. Os estudiosos podem discutir sem fim sobre muitos aspetos da sua figura histórica. Os teólogos podem continuar a desenvolver as suas teorias engenhosas. Mas só quem se aproxima de Jesus como o grande presente de Deus pode ir descobrindo Nele, com emoção e alegria, a proximidade de Deus a cada ser humano.

Segundo: A razão de ser da Igreja, a única coisa que justifica a sua presença no mundo, é recordar o amor de Deus. O Vaticano II tem sublinhado isso muitas vezes e de muitos modos: a Igreja “é enviada por Cristo para manifestar e comunicar o amor de Deus a todos os homens e mulheres”. Nada há mais importante que isso. O fundamental na missão da Igreja é comunicar o amor de Deus a todos os seres humanos.

Terceiro: Segundo João, Deus dá ao mundo esse grande presente que é Jesus, “não para julgar o mundo, mas para que o mundo se salve por ele”. É perigoso fazer da denúncia e da condenação do mundo moderno todo um programa pastoral. Só com o coração cheio de amor a todos os seres humanos podemos chamar-nos uns aos outros à conversão. Se as pessoas se sentem condenadas por Deus, não estamos transmitindo a elas a mensagem de Jesus, mas outra coisa: talvez o nosso ressentimento e nossa raiva.

Quarto: Neste momento em que tudo parece confuso, incerto e desalentador, nada impede que cada um de nós introduza um pouco de amor no mundo. Foi o que Jesus fez! Não podemos esperar mais. Não haverá neste momento homens e mulheres bons que introduzam no mundo, amor, amizade, compaixão, empatia, justiça, sensibilidade, e ajuda aos que sofrem? São estas pessoas as que constroem a Igreja de Jesus, a Igreja do Amor.

José Antonio Pagola

Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez

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