sábado, 25 de novembro de 2023

O Evangelho dominical (Pagola) - 26.11.2023

UM JULGAMENTO MUITO ESTRANHO

As fontes não admitem dúvidas. Jesus vive voltado para aqueles que necessitam de ajuda. É incapaz de passar ao lado. Nenhum sofrimento lhe é estranho. Identifica-se com os mais pequenos e desamparados, e faz por eles tudo o que pode. Para ele, a compaixão vem em primeiro lugar. Esse é o único modo de nos parecermos com Deus: «Sejam compassivos como o vosso Pai é compassivo».

Não nos deve surpreender que, ao falar do Juízo Final, Jesus apresente a compaixão como o critério último e decisivo que julgará as nossas vidas e a nossa identificação com Ele. Como nos surpreenderá que se apresente identificado com todos os pobres e miseráveis da história?

Segundo o relato do evangelista Mateus, todas as nações comparecem ante do Filho do homem, isto é, diante de Jesus, o compassivo. Não se faz nenhuma diferença entre povo escolhido e povos pagãos. Nada se diz das diferentes religiões e cultos. Fala-se de algo muito humano e que todos entendem: o que fizemos com aqueles que viveram sofrendo ao nosso lado?

O evangelista não se detém propriamente a descrever os detalhes de um julgamento. O que destaca é um duplo diálogo que lança uma luz imensa sobre o nosso presente e nos abre os olhos para ver que, definitivamente, há duas formas de reagir ante os que sofrem: compadecemo-nos e ajudamos, ou nos desligamos e os abandonemos.

Aquele que fala é um juiz que se identifica com todos os pobres e necessitados: «Cada vez que ajudaste um destes meus pequenos irmãos, fizeste-o a mim». Aqueles que se aproximaram para ajudar alguém necessitado, aproximaram dele. Por isso devem estar junto dele no reino: «Vinde, benditos de meu Pai».

Depois, o Juiz dirige-se àqueles que viveram sem compaixão: «Cada vez que não ajudaste a um destes pequeninos, deixaste de o fazer comigo». Quem se afastou dos que sofrem, afastou-se de Jesus. É lógico que agora lhe diga: «Afastem-se de mim». Sigam o vosso caminho.

O destino da nossa vida está sendo jogado agora mesmo. Não há que esperar por nenhum julgamento final. Agora estamos a aproximar-nos ou afastar-nos daqueles que sofrem. Agora estamos a aproximar-nos ou afastar-nos de Cristo. Agora estamos a decidir a nossa vida.

José Antonio Pagola

Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez 

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